“Esses pormenores a gente conversa depois”, diz Kerinho sobre pagamento dos advogados na ação que virou disputa entre Beto Rosado e Mineiro por vaga na Câmara

O ex-candidato a deputado federal Kériclis Alves Ribeiro, o Kerinho, resolveu falar sobre o processo de impugnação do registro da candidatura dele que deve mudar a configuração da bancada federal do Rio Grande do Norte. Está programada para hoje (28), no Tribunal Regional Eleitoral, a conclusão da retotalização dos votos daquele pleito, o que deve oficializar Fernando Mineiro (PT) na vaga ocupada hoje por Beto Rosado (PP).

Ao programa Na Hora do Café, apresentado pelo jornalista Ciro Pedroza, Kerinho foi várias vezes questionado sobre seu interesse no processo, uma vez que o único beneficiado direto na preservação dos votos dele é Beto Rosado, que ainda tenta manter o mandato, mas só pode recorrer em Brasília. Kerinho obteve apenas 8.990 votos, ficando bem distante da vaga.

Indagado sobre quem estaria pagando os advogados de defesa no processo, cuja banca inclui um ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral, Kerinho não respondeu:

"Esses pormenores a gente conversa depois”, disse, arrancando risadas e até um comentário irônico do apresentador:

 “Mas esses são pormaiores, não ? São advogados muito caros”, rebateu o jornalista.

A defesa de Kerinho no TRE foi feita pelo advogado Hindenberg Dutra, mas o time conta com 11 advogados, entre eles o ex-ministro do TSE Henrique Neves da Silva. Ainda sobre seu interesse no processo, o ex-candidato afirmou que precisa validar os votos porque vem passando por “constrangimento” em São José de Mipibu, onde foi candidato a prefeito pelo PP de Beto Rosado em 2020 e, segundo ele, adversários políticos têm usado o caso para atacá-lo:

- Preciso validar meus votos, essa eleição foi muito ruim para minha imagem. Tenho um passado, uma história, o processo (não cheira bem), isso está doendo muito em mim, na minha família, tenho adversários ferozes. Avalie passar por um constrangimento, fazer melhor não validar meus votos e ser penalizado”, desabafou.

Kerinho confirmou que vai recorrer da decisão do TRE, o que só pode acontecer quando o processo subir para o TSE. Questionado sobre o fato de não ter se desincompatibilizado do cargo comissionado que exercia na prefeitura de Monte Alegre, prova fundamental para o indeferimento do registro de candidatura dele, o ex-candidato disse que não sabia que tinha sido nomeado para um cargo em comissão naquele município:

- Me afastei, me desincompatibilizei no tempo certo. Sou efetivo em São José do Seridó, vim (transferido) à disposição. Mas o prefeito nunca me disse que eu era cargo comissionado”, disse.

Confrontado se, com a transferência para outro município, o destino dele não seria ocupar um cargo comissionado, ele disse que não:

- Pelo cargo (efetivo) que eu tenho pode me remunerar pelo cargo que estou”, defendeu.

De acordo com documentos anexados ao processo enviados pela prefeitura de Monte Alegre, Kériclis Alves Ribeiro ocupou um cargo comissionado naquele município até dezembro de 2018. Dados do Portal da Transparência comprovam que ele recebeu salário até aquela data. Segundo a legislação eleitoral, um dos critérios para o deferimento de registros de candidatura é a desincompatibilização de cargos em comissão até três meses antes do pleito.

Por maioria de 3 votos a 2, o pleno do TRE decidiu indeferir o registro de candidatura de Kerinho por descumprimento dessa exigência.