Há uma ineficiência do Estado em viabilizar que as mulheres assentadas tenham a possibilidade de aderir às medidas de controle sanitário durante a pandemia do coronavírus. A avaliação apresentada pela pesquisadora Jéssica Lima ao Balbúrdia desta terça-feira, 22, é resultado de um estudo realizado em um assentamento rural do município de Poço Branco, interior do Rio Grande do Norte.
Durante três meses, a enfermeira se debruçou sobre os impactos da Covid-19 no campo a partir do relato de 48 mulheres e constatou que a “relação pobreza-óbito é muito estreita”.
“Populações rurais precisam da proteção social, têm direito, mas não é disponibilizado de uma forma que viabilize o acesso”, disse.
Segundo Jéssica, entre as preocupações levantadas pelas mulheres no enfrentamento da pandemia estão a falta de trabalho, a dificuldade de sustentar a família por falta de recursos, a incerteza no futuro, o risco de contaminação, o medo da morte, o cancelamento das aulas dos filhos, a tristeza, o racismo e o preconceito.
O resultado do estudo aponta a necessidade de implementar ações e políticas públicas em saúde para mulheres no contexto rural. “Hoje vejo a pandemia com outros olhos. Percebo que existe algo mais importante que é dar visibilidade àquelas pessoas”, conta a pesquisadora Jéssica Lima.
Confira entrevista na íntegra.