Estudo da Fiocruz mostra que mulheres são mais afetadas pela pandemia
Natal, RN 26 de abr 2024

Estudo da Fiocruz mostra que mulheres são mais afetadas pela pandemia

27 de maio de 2020
Estudo da Fiocruz mostra que mulheres são mais afetadas pela pandemia

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A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou na sexta-feira (22) uma pesquisa com mais de 40 mil pessoas que responderam a um questionário online sobre as mudanças vividas durante o isolamento social no período da pandemia. E os resultados apontam que as mulheres foram mais afetadas que os homens.

Os dados coletados entre 24 de abril a 8 de maio tiveram como objetivo descrever as mudanças na rotina, no trabalho, no estado de ânimo e também nos aspectos socioeconômicos. As mulheres relataram mais problemas no estado de ânimo: as que se sentem tristes ou frequentemente deprimidas foram 50% das entrevistadas, enquanto para os homens esse percentual chegou a 30%. O índice de quem disse ter se sentido ansioso ou nervoso no período foi de 60% para as entrevistadas, chegando a 43% no segmento masculino.

Os números podem ser explicados, entre outros fatores, pelo excesso de trabalho que cabe a elas durante a pandemia: 26,4% delas afirmam que o trabalho doméstico aumentou muito, percentual mais de duas vezes maior que o dos homens, 13,1%. O que implica em dificuldades maiores também para a execução de atividades relacionadas ao emprego de forma geral, em especial quando há home office.

“Foi um acúmulo de trabalho que as mulheres tiveram relativo aos serviços domésticos. E muitas mulheres que trabalham fora tem as crianças em casa, precisam fazer a comida e outras atividades. Os cônjuges podem estar ajudando, mas os encargos maiores estão ficando realmente com as mulheres”, aponta a pesquisadora Celia Landmann Szwarcwald, do Icict/Fiocruz e coordenadora do levantamento. Ela destaca que a situação é ainda pior para as mulheres que têm crianças pequenas em casa e moradores idosos precisando de cuidados especiais.

Celia pontua alguns dados que surpreenderam a equipe que elaborou a pesquisa. “Um deles foi que 30% tiveram algum sintoma de gripe, mas somente 4% fizeram o teste para ter diagnóstico (de coronavírus). Destes, 30% receberam resultado positivo e 20% na época da pesquisa ainda não tinham recebido o resultado”, conta.

Aumento do consumo de álcool e cigarro

Ela alerta para o aumento no consumo de cigarros: entre as mulheres fumantes, o aumento do percentual de quem passou a acrescentar o consumo de dez cigarros por dia foi de 29%, índice que é de 17% entre os homens. Na pesquisa, 18% dos entrevistados relataram que o consumo de bebidas alcoólicas aumentou no período, número que chega a 29% entre as pessoas que têm entre 30 e 39 anos.

“Os cuidados com a saúde são muito importantes. Conseguimos reduzir nossa proporção de fumantes para 12%, mas há pessoas que estão aumento o consumo de cigarros. A mesma coisa para bebidas, e esses comportamentos são associados às perdas socioeconômicas e preocupações de forma geral”, conta ela.

Os impactos socioeconômicos também preocupam, reforçando a necessidade de o Estado prover meios para dar segurança econômica às pessoas. O levantamento mostra que 55% das pessoas sofreram queda no rendimento familiar e 7% ficaram sem qualquer rendimento. As perdas foram piores para as pessoas com renda per capita inferior a meio salário mínimo, segmento no qual a perda de rendimentos atingiu 64%,

Os cuidados durante o isolamento, que continua sendo necessário

Mesmo com os impactos, as medidas de distanciamento social continuam sendo necessárias para conter o avanço da pandemia do coronavírus. O importante, segundo a pesquisadora, é trabalhar para reduzir os efeitos do isolamento e manter a saúde física e mental por meio de hábitos saudáveis.

“O isolamento social é muito necessário porque não conseguimos ainda diminuir o número de óbitos. Temos as experiências de outros países que mostram que vai haver uma diminuição dos óbitos e dos leitos de UTI e a partir daí teremos o relaxamento do isolamento”, diz Celia. “O grande problema é o sistema de saúde, se não for feito o isolamento ocorre o colapso do sistema, que já era carregado em alguns lugares e com a pandemia fica ainda mais sobrecarregado.”

A pesquisadora faz algumas recomendações para melhorar a sensação de bem estar durante o isolamento. “Precisamos tomar os mesmos cuidados tomados anteriormente, comer alimentos saudáveis, frutas e vegetais, e fazer exercícios físicos, mesmo nos espaços restritos dentro de casa. Até porque a atividade física dá um bem estar à pessoa e melhora o estado de ânimo.”

“Em vez de ficar só no tablet, jogando videogame ou vendo as notícias na televisão, é preciso diversificar as opções para relaxar, como uma leitura boa, fazer coisas em casa que não tinha feito anteriormente, experimentar novas receitas.”

Fonte: Rede Brasil Atual

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