Marighella, o aguardado longa-metragem brasileiro dirigido por Wagner Moura, estreou sob aplausos em sessão dedicada à imprensa nesta quinta-feira (14), no Festival de Berlim. O filme tem no papel do guerrilheiro baiano o músico e ator Seu Jorge e é inspirado no livro Marighella - O Guerrilheiro Que Incendiou o Mundo, do jornalista Mário Magalhães.
A obra acompanha os últimos cinco anos de vida de Carlos Marighella, do golpe militar, em 1964, até seu assassinato, em 1969, numa operação da polícia considerada um dos marcos do fim da guerrilha urbana durante a ditadura. No filme,
No filme, o ator Bruno Gagliasso interpreta o (fictício) delegado Lúcio, baseado em diversos agentes da repressão contra a luta armada, nos tempos da ditadura militar. A primeira inspiração, no entanto, foi o agente do temido Departamento de Ordem Política e Social (Dops) Sérgio Paranhos Fleury.
Em conversa com jornalistas em Berlim, Gagliasso se emocionou a falar do filme:
“Não sei se vocês sabem, mas tenho uma filha negra. Eu sei da importância desse filme para a minha filha no futuro. Com esse filme, fui a um lugar onde nunca imaginei ir. Wagner [Moura] é ainda melhor diretor do que ator. Esse filme é forte, visceral, potente, mas movido por amor. Isso ninguém pode esquecer”, disse.
Wagner Moura respondeu perguntas da imprensa entrevista coletiva durante festival ao lado de 30 membros da equipe, entre técnicos e artistas.
Ele apareceu com uma placa em homenagem à vereadora do PSOL Marielle Franco, executada a tiros há 11 meses no Rio de Janeiro. Aos jornalistas, Moura falou espera que o filme seja maior que governo Bolsonaro:
“Meu primeiro instinto, depois de ler a biografia em que se baseia o roteiro, foi produzir o filme. Como não encontrei um diretor, eu me arrisquei, já que não achava que ia ser tão complicado. Só me considero um ator que dirige. Por outro lado, foi a experiência artística mais importante da minha vida. Nós o iniciamos em 2015, depois do golpe de Estado [o impeachment de Dilma Rousseff]. Não é uma resposta a um Governo em particular. Espero que meu filme seja maior que o atual Governo de Bolsonaro, e é a primeira resposta da cultura a esta situação. Marighella fala de alguém que resistiu naquela época e se dirige a quem resiste agora: a comunidade LGBTI, os negros, os moradores das favelas...”