Fim da editora Jovens Escribas é resultado de desmonte da Cultura, avalia Carlos Fialho
Natal, RN 25 de abr 2024

Fim da editora Jovens Escribas é resultado de desmonte da Cultura, avalia Carlos Fialho

11 de novembro de 2021
3min
Fim da editora Jovens Escribas é resultado de desmonte da Cultura, avalia Carlos Fialho

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A editora Jovens Escribas se aproximava mais da economia criativa independente do que do mercado editorial. Por essa razão, nos últimos anos, mais sofreu as consequências do desmonte da Cultura do que seguiu a tendência das grandes empresas do setor de livros. Essa é a avaliação do fundador Carlos Fialho, entrevistado no Programa Balbúrdia desta quinta-feira (11).

O grupo começou como um coletivo de autores, depois foi um selo literário e então se tornou uma editora formal. Foram 18 anos. O ineditismo do negócio no estado era pensar a literatura como arte e o livro como um produto que precisava ser bonito, bem escrito, mas também que dialogasse com um público leitor amplo.

“A gente não pode cometer o erro crasso da classe média brasileira de ficar nessa de não sabe se tem mais vontade de ficar rico ou medo de ficar pobre. A gente tá muito mais próximo dos trabalhadores da cultura do que dos empresários da literatura”, disse o editor, que anunciou em 5 de novembro o encerramento das atividades.

“O que aconteceu com a nossa editora foi o que vem acontecendo com a cultura no Brasil, um processo de desmonte, que não vem de 1º de janeiro de 2019. Foi um processo sentido por nós, gradativo. E as dificuldades que a gente vem passando começaram precisamente no final de 2016”, lembrou Fialho, compartilhando que a partir de então foram realizados cortes de gastos.

A editora conseguiu se recuperar e em 2019 “veio outra porrada”, agravada pela pandemia, que interrompeu um programa no qual a empresa tinha alguma segurança, o Cheque-Livro. A Lei Aldir Blanc também contribuiu para a continuidade do negócio, mas a descontinuidade de qualquer ação de incentivo foi fatal.

“As pessoas ficaram muito impactadas, tristes, porque a nossa editora tocou muita gente. Eu não fico triste com o fim desse ciclo, mais de 200 livros publicados, as ações beneficiavam mais de 10 mil estudantes por ano. O que fico triste foi o que desencadeou essa decisão, que foi o fato de estar devendo grana a tanta gente. Isso me deixa preocupado. Eu tenho que pagar essas pessoas pra que depois possa pensar em novos caminhos”, desabafou Carlos Fialho.

Veja a entrevista completa:

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