Humorista é censurado pela PM após críticas a Bolsonaro
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Humorista é censurado pela PM após críticas a Bolsonaro

31 de agosto de 2019
Humorista é censurado pela PM após críticas a Bolsonaro

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Um show do humorista Gustavo Mendes, conhecido por interpretar a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), foi interrompido e teve a presença da Polícia Militar após o artista realizar críticas ao atual presidente da República Jair Bolsonaro (PSL). A atração ocorreu na noite de sexta-feira (30) no Expominas de Teófilo Otoni, na região do Vale do Mucuri, em Minas.

Em determinado momento da apresentação, o humorista foi interrompido por parte da plateia, insatisfeita por críticas feitas ao governo Bolsonaro. Gustavo Mendes, então, discutiu com as pessoas insatisfeitas e disse que elas poderiam sair da atração que receberiam o dinheiro da entrada de volta.

Em seguida, por volta das 21h30, a Polícia Militar foi acionada por três solicitantes. Eles afirmaram que o artista disse, durante a apresentação, que os eleitores de Bolsonaro são “idiotas, imbecis, medíocres e pau no c*”. Relataram, ainda, que Gustavo Mendes ordenou que a segurança do local retirasse os insatisfeitos da plateia. O BHAZ tentou confirmar essa informação com a produção do humorista, mas não obteve sucesso até esta publicação.

Os militares ainda conversaram com o produtor do artista, Arnaldo da Silva Almeida, que afirmou que as críticas fazem parte do show. Por fim, os policiais relataram que, devido ao grande número de pessoas que ainda estavam na apresentação, não foi possível conversar diretamente com Gustavo Mendes.

 ‘Censura’

Na tarde deste sábado (31), Gustavo Mendes publicou um vídeo para se manifestar sobre o ocorrido (leia o posicionamento na íntegra abaixo). “Parte da plateia, insatisfeita com as piadas sobre Bolsonaro se sentiu no direito de dizer o que eu posso ou não posso falar nos meus shows. E Isso nunca, amiguinhos, nunca vai acontecer, porque isso se chama censura e eu não vou aceitar essa tentativa de intimidação”, afirmou.

“O Humor é sempre OPOSIÇÃO. Esse é o papel do artista e principalmente o do comediante: incomodar os poderosos. Onde estavam essas pessoas quando eu debochava da Dilma? Debochava do Temer?”, questionou em outro trecho ao criticar o governo Bolsonaro e citar exemplos da “onda de intimidação à liberdade de expressão”, tais quais vaias a Roger Waters, do Pink Floyd, e Cateano Veloso.

“Professores são filmados por alunos que se acham no direito de ser uma patrulha ideológica; e por aí vai”, complementa. “Um Brasil melhor só vai ser construindo num ambiente de tolerância e respeito. Exterminar a ideia contrária só cria a falsa sensação de uma unanimidade burra. Nenhuma piada ou crítica pode justificar a censura à liberdade de expressão”, afirma, em outro trecho.

 Confira o posicionamento de Gustavo Mendes na íntegra:

“É possível que você já tenha sabido o que aconteceu durante o meu show em Teófilo Otoni.

Parte da plateia, insatisfeita com as piadas sobre Bolsonaro se sentiu no direito de dizer o que eu posso ou não posso falar nos meus shows. E Isso nunca, amiguinhos, nunca vai acontecer, porque isso se chama censura e eu não vou aceitar essa tentativa de intimidação. Principalmente vindo de pessoas que se articularam para isso.

O problema daquelas pessoas não eram as piadas políticas.

Ora, eu sou Gustavo Mendes. Minha trajetória sempre foi de assumir posições com força e transparência, mesmo sabendo que isso incomodava muita gente. O Humor é sempre OPOSIÇÃO.

Esse é o papel do artista e principalmente o do comediante: incomodar os poderosos.

Onde estavam essas pessoas quando eu debochava da Dilma? Debochava do Temer?

 Eu amo meu público, mesmo aqueles que votaram no Bolsonaro, mas não vou me calar diante do que está acontecendo hoje no Brasil: os milhões de desempregados continuam sem ver nenhuma medida que lhes dê esperança; nossa maior riqueza – a Amazônia – sendo devastada e um governo que incentiva o desmatamento; a promessa de acabar com a corrupção e um governo que tem seus corruptos de estimação; milhões passando fome e um governo que nega a existência da miséria. 

Quem não está cumprindo o que prometeu não sou eu. Onde está o Brasil melhor que foi prometido? Violência, corrupção, desemprego, nepotismo; tudo continua e piora porque o presidente está sempre mais ocupado em causar polêmica que governar.

As pesquisas mostram que os que consideram seu governo ruim ou péssimo já são 40%. 

Amigos, não sou eu que invento esses números, nem sou eu que faz o povo deixar de gostar desse governo. O pior inimigo do Bolsonaro é ele mesmo. E os que apoiam os erros dele.

Isso que aconteceu contra mim, infelizmente não é um privilégio meu. É uma nova onda de intimidação à liberdade de expressão: Roger Waters do Pink Floyd e Cateano foram vaiados; Miriam Leitão foi impedida de lançar seu livro numa Feira; Gleen – que denunciou a vaza jato – sofreu foguetaço em Parati; professores são filmados por alunos que se acham no direito de ser uma patrulha ideológica; e por aí vai.

Você pode não gostar das minhas posições, mas não se deixe ceder à tentação do autoritarismo.

Um Brasil melhor só vai ser construindo num ambiente de tolerância e respeito. Exterminar a ideia contrária só cria a falsa sensação de uma unanimidade burra.

Nenhuma piada ou crítica pode justificar a censura à liberdade de expressão.
Seguirei firme sendo o Gustavo Mendes que sempre fui. 

Sei que pago um preço por isso, mas ao mesmo tempo tenho um lucro imenso. Do amor sincero dos que admiram meu trabalho mesmo eventualmente discordando das minhas opiniões; e principalmente, da consciência tranquila de que estou do lado certo da história.

 Um beijo cheio de amor a todos”.

Fonte: Portal BHAZ

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