II Festival Frente Feminina estreia este sábado com trabalhos artísticos realizados por mulheres negras
No mês em que se celebra a luta das Mulheres por direitos, uma programação totalmente dedicada a trabalhos artísticos realizados por mulheres negras do Brasil e do mundo será oferecida virtualmente e de forma gratuita. Neste sábado, 6, tem início a 2ª edição do Festival Frente Feminina no YouTube (https://www.youtube.com/festivalfrentefeminina). As atividades ocorrem nos sábados e domingos de março, sempre às 20h.
Idealizado por Larissa Mauro e pelas artistas brasilienses Anna Marques e Catarina Accioly, além de curadoria de Mariana Nunes e Shirley Cruz, o festival recebeu patrocínio do Programa Pontes, uma iniciativa do Oi Futuro e o British Council, e foi selecionado pelo Prêmio Gran Circular Aldir Blanc 2020 do GDF.
Com tradução em libras, o festival este ano tem como tema o afrofuturismo, que dialoga com a ideia do corpo negro no futuro, e tem a proposta de trazer visibilidade, encontro e valorização dos corpos das artistas negras, suas histórias, linguagens, biografias e artes, a partir da difusão dos trabalhos selecionados de 10 artistas de Brasília e mais 10 de outros estados do Brasil.
A programação se divide em quatro mostras concebidas para valorizar a potência criativa e a pluralidade da mulher negra nas artes, suas linguagens, visões de mundo, biografias. “Esta edição virtual nos permitiu experimentar o hibridismo de linguagens misturando as artes vivas com audiovisual. E cada um dos trabalhos foi roteirizado, dirigido ou protagonizado por mulheres negras”, comemora Larissa Mauro, uma das coordenadoras do festival criado em Brasília em 2019.
Para Larissa, a realização desse projeto é a concretização “de um processo de cura” para ela e para muitas outras mulheres pretas. “A arte não é terapia, mas muitas vezes é terapêutica, sim. Estar aquilombada com as suas é uma oportunidade de reforçar nosso poder de resistir e existir com amor, respeito e dignidade. Realizar esse projeto está sendo um marco na minha trajetória pessoal e profissional”, afirma.
O processo de se reconhecer negra através das histórias de outras mulheres é ressaltado também pela comunicadora baiana Carolina Magalhães. Para ela refletir sobre o que é ser negra no Brasil é “pensar o racismo - e a luta antirracista - a partir do nosso contexto e do que nos constitui”.
“No meu caso particular foi um processo de me descobrir negra e repensar várias experiências que eu vivi com a consciência dessa identidade. Daí a importância de entender o racismo brasileiro porque ele se manifesta de formas diferentes - está nas sutilezas, nos não ditos e até na forma como a gente precisa trabalhar a cabeça pra se enxergar numa ótica positiva”, afirma Carolina.
Os sábados serão dedicados à produção artística do Distrito Federal com duas mostras por dia. Aos domingos, o festival ganha contornos nacionais com mais duas mostras.
Confira a programação detalhada:
6 de março (sábado)
Mostra Cenas Curtas
Instante - Marizilda Dias Rosa (DF)
Mostra ImperAtrizes
Ana Luiza Bellacosta
7 de março (domingo)
Mostra EnCena Preta
Mulher Baobá - Gleide Firmino (DF)
Abrigadouro - Karla Calansans (DF)
Sinestesia - Pamela Alves (RJ)
Galinha - Larissa Nunes (SP)
Retornar - Milca Orrico (DF)
Cine FFF
Vírus - Larissa Mauro e Joy Ballard (DF)
Alfazema - Sabrina Fidalgo (RJ)
O que é ser Mulher Negra no Brasil? com Nilma Lino Gomes (Professora da Faculdade de Educação da UFMG)
13 de março (sábado)
Mostra Cenas Curtas
A(Fé)tas – Lidi Leão (DF)
Mostra ImperAtrizes
Cristiane Sobral
14 de março (domingo)
Mostra EnCena Preta
Quanto mais o tempo passa, mais vejo minha mãe em mim - Isabella Baroz (DF)
Meu lugar é doutro lado do continente - Nataly Sousa (PE)
Você é flecha - Nanda Pimenta (DF)
Meu corpo negro feminino - Kênia Bárbara (MG/RJ)
Abojuto nipasẹ Afẹfẹ - Cuidada pelo vento - Andrea Mendes (BA/SP)
Cine FFF
Ángela - Idalmis Garcia (Cuba)
Memórias de um Povo - Maria Abade e Mariane Silva (Quilombo Engenho da Ponte/BA)
O que é ser Mulher Negra no Brasil? Com Carolina Guimarães (Comunicadora baiana)
20 de março (sábado)
Mostra Cenas Curtas
Joana – Fernanda Jacob e Tuanny Araujo (DF)
Mostra ImperAtrizes
Gleide Firmino
21 de março (domingo)
Mostra EnCena Preta
Minha voz - Gabriela Correa (DF)
Carne - Aysha Luiza (DF)
Novembro - Naiara Lira (DF)
Dentro de si há uma história, imerge nela! - Paula Marinho (BA)
Nasci pra ser livre - Nãnan Matos (DF)
Cena especial para o II FFF
Meu corpo é frevo o ano inteiro - Inaê Silva (PE)
Cine FFF
PE 460 - Uma Luta Ancestral - Jocicleide Valdeci de Oliveira e Jocilene Valdeci de Oliveira (PE)
Black Out - Crioulas Video e Tankalé
O que é ser mulher negra no Brasil? Com Givânia Silva (Coordenação Nacional Quilombola) (PE/DF)
27 de março (sábado)
Mostra Cenas Curtas
Tão escutando? – Luana Lebazi (DF)
Mostra ImperAtrizes
Renata Jambeiro
28 de março (domingo)
Mostra EnCena Preta
Beleza Plena - Jamila Terra (DF)
Breve crônica sobre dor crônica - Balbina de Sá (RS)
Quatro Ôri - Mariana Maia (RJ)
Raízes - Jessica Madona (RJ/SP)
Rastros de Fé - Cyda Baú (MG/SP)
Cine FFF
Calibre 180 – Shirley Cruz (RJ)
O Dia de Jerusa – Viviane Ferreira (BA/SP)
A programação fecha com o lançamento do documentário Diário de Bordo - Residência EnCena Preta, realizado pela equipe do II FFF.