Interventor do IFRN pede desculpas a PM após policiais agredirem estudantes
O interventor do IFRN Josué de Oliveira pediu desculpas a Polícia Militar pelo comportamento dos estudantes que realizaram uma manifestação nesta terça-feira (11), na sede da reitoria da instituição.
O pedido de desculpas foi revelado pelo próprio Oliveira em entrevista ao blog do BG e posteriormente em nota divulgado pela reitoria da instituição. Durante o protesto, policiais agrediram estudantes e um servidor técnico foi atropelado.
"Agradeço e peço desculpas a gloriosa PM do RN, que tenta manter a integridade física dos servidores que estão trabalhando, a ordem e proteção do patrimônio público. A aglomeração de alunos é uma desobediência a lei contra o combate à Covid-19", disse na nota.
A PM utilizou gás de pimenta contra os alunos. Um estudante mostrou marcas nos braços do que teria sido uma agressão de um policial e outra aluna disse ter tido o telefone celular tomado por um agente.
A governadora Fátima Bezerra (PT) já determinou o afastamento do policial que comandou a operação. Ele não teve o nome revelado.
Além do protesto contra a intervenção federal que colocou Josué de Oliveira no cargo de reitor pro-tempore, o movimento estudantil reivindicavam também um plano de retomada de aulas remotas. No entanto, o interventor deu ao blog do BG uma versão diferente da que os estudantes relataram à agência Saiba Mais. Segundo ele, os alunos não querem voltar às aulas e a gestão prepara o retorno às atividades.
O interventor está no cargo desde 20 de abril, quando o então ministro da Educação Abraham Weintraub ignorou o resultado da eleição para reitor do IFRN realizada em dezembro do ano passado e nomeou Josué de Oliveira, que sequer participou do processo eleitoral. O candidato mais votado na época foi o professor de Educação Física José Arnóbio de Araújo.
Josué é filiado ao PSL e disputou uma eleição à prefeitura de Mossoró pela sigla. A indicação dele foi feita pelo deputado federal bolsonarista Girão Monteiro (PSL), investigado pelo Supremo Tribunal Federal por financiar manifestações antidemocráticas no país que reivindicavam entre outras pautas o fechamento do Congresso Nacional, do STF e a volta do Ato Institucional Nº 5, dispositivo usado na ditadura militar para perseguir, torturar e matar opositores ao regime, cassar mandatos e censurar a imprensa.
O parlamentar nega as acusações contra ele que constam no inquérito aberto pelo ministro Alexandre de Moraes.
Confira a nota assinada pelo interventor Josué de Oliveira:
Com surpresa, recebi a informação de que um grupo de estudantes do IFRN havia invadido a sede do Instituto, o prédio da Reitoria. Declaro que estou sempre aberto ao diálogo, mas a forma como a tentativa de conversa foi realizada foi lamentável, pois eles invadiram a Reitoria.
Hoje é um dia dedicado aos estudantes, mas o que eles vieram fazer aqui não foi reivindicar a questão da volta às aulas, na verdade, estão reivindicando outras coisas, alinhadas a ideais estritamente políticos. A gestão está trabalhando para fazer acontecer o retorno das aulas e o que os alunos buscavam aqui, fazendo esse movimento, não era nessa direção.
Por fim, agradeço e peço desculpas a gloriosa PM do RN, que tenta manter a integridade física dos servidores que estão trabalhando, a ordem e proteção do patrimônio público. A aglomeração de alunos é uma desobediência a lei contra o combate à Covid-19”.