O senador Jean Paul Prattes (PT) foi flagrado pela TV Senado no sábado (2) sugerindo ao presidente interino da Casa, José Maranhão (MDB/PB), que rasgasse os votos do pleito anulado em razão de terem aparecido na urna 82 cédulas, quando o Senado possui 81 parlamentares.
O mundo veio abaixo e a imprensa acusou o parlamentar de destruir “as provas da fraude”.
O Regimento Interno do Senado determina que o voto nas eleições da Casa é secreto. Numa votação ainda na sexta-feira, os parlamentares burlaram as regras e mudaram o artigo, abrindo a votação.
Na madrugada do sábado, o presidente do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli decidiu manter o voto secreto, conforme prevê o regimento do Senado que, para ser alterado, deveria ter contado com a unanimidade da Casa, o que como se sabe não ocorreu.
A decisão de Dias Toffoli não evitou que aqueles senadores que quisessem divulgar o voto o fizessem, como quis boa parte dos parlamentares que deram a vitória ao senador David Alcolumbre (DEM/AP).
E qual foi o crime de Jean Paul Prattes flagrado pela TV Senado ?
Sugerir a José Maranhão que cumprisse o regimento interno da Casa, mantendo o sigilo do voto.
Aliás, essa foi a defesa óbvia do senador diante dos ataques e ilações de parte da imprensa.
O vídeo é claro: logo depois de dizer “destrói as cédulas rápido para ninguém ver o voto”, o parlamentar eleito pelo RN aponta para um colega ao lado de Maranhão e diz: “tem que anular as outras também”.
Em qualquer eleição de DCE ou de Centro Acadêmico na universidade a prática é a mesma, quando votos são anulados e é necessária nova eleição.
Há um processo em curso de criminalização da política, acelerado e midiatizado pela operação Lava Jato. E a criminalização do voto secreto é parte desse processo.
No Brasil de hoje, como se sabe, cumprir a regra é ilegal.
E vira notícia.