Julgamento de Lula terá a maior cobertura colaborativa de mídia livre do país
Natal, RN 24 de abr 2024

Julgamento de Lula terá a maior cobertura colaborativa de mídia livre do país

21 de janeiro de 2018
Julgamento de Lula terá a maior cobertura colaborativa de mídia livre do país

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Jornalistas e comunicadores populares de várias regiões do país começaram a chegar a Porto Alegre (RS) para a maior cobertura colaborativa de mídia livre do Brasil. Serão mais de 300 profissionais envolvidos na produção e divulgação de matérias para portais, redes sociais, rádio e televisão. Embora o julgamento do recurso da defesa do ex-presidente Lula esteja marcado para a próxima quarta-feira (24), na sede do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, nos bastidores a busca por informações e a divulgação da contra-narrativa já começaram.

A primeira reunião presencial entre midiativistas ocorreu neste domingo (21), na sede do Sindicato dos Municipiários de Porto Alegre (Simpa), e contou com a participação de mais de 60 pessoas representando entidades e coletivos de mídia independente. Em razão da distância, a maioria dos profissionais veio das regiões Sudeste e Sul. No entanto, há caravanas chegando de outros estados, especialmente do Norte, Nordeste e Centro-oeste. O Rio Grande do Norte foi representado pela agência Saiba Mais, Mídia Ninja RN, Arretadas e pela equipe do programa Mortadela ou caviar ? Uma Central de Mídia foi instalada no 4º andar da sede da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras do Rio Grande do Sul, no Centro Histórico de Porto Alegre e vai centralizar os profissionais da mídia livre.

A produção em texto será concentrada no endereço comlulaempoa.com.br, além das redes sociais ligadas ao portal, criado em Porto Alegre. O material, no entanto, será disponibilizado e replicado pelos coletivos de mídia livre. Um banco de pautas e imagens está sendo criado para facilitar o acesso dos jornalistas. Outra novidade é a produção para rádio e TV. Os veículos também serão abastecidos a partir do modelo colaborativo de produção.

Coordenadora de comunicação da Frente Brasil Popular, Ana Flávia Marques dirige a Central de Mídia, em Porto Alegre. Ela destaca o modelo de colaboração em rede realizada no Rio Grande do Sul para o julgamento do ex-presidente Lula como contra-narrativa ao discurso replicado pela mídia tradicional.

- São formatos diferentes. A grande mídia disputa o furo. Nós também procuramos publicar informações inéditas, mas ao contrário deles a gente quer compartilhar com todo mundo e todo mundo pode compartilhar nossas notícias. Isso é um diferencial até de princípios da mídia alternativa e independente da imprensa tradicional. E enquanto eles se fecham nas próprias matérias, nós vamos distribuindo tarefas, agregando repórteres e pautas, e mesmo com menos estrutura montamos nossa rede colaborativa.

Ana Flávia chama a atenção para a transparência da linha editorial presente nas matérias reportagens publicada pelos coletivos de mídia livre.

- Já somos a maior rede que vai ter em Porto Alegre. Teremos mais correspondentes que a Globo, mais correspondentes que o Estadão, que a Folha, e fazendo uma cobertura que tem um eixo unificado. E não temos o menor problema em dizer isso: a gente discutiu sim o eixo político, nós somos sim parciais, não acreditamos na imparcialidade.

Na rede colaborativa de mídia livre em Porto Alegre, outro destaque é a Rádio Democracia. Coordenada pelo radialista Jerry de Oliveira, a rádio vai reunir mais de 400 rádios no Brasil e na América Latina. A programação será construída também de forma coletiva e irá ao ar dia 24 de janeiro, das 5h às 22h. A cada 40 minutos, a rádio Democracia entra ao vivo direto de Porto Alegre com entrevistas e matérias sobre os acontecimentos na capital gaúcha e no restante do tempo intercala comentários de locutores com a programação de outros estados. Já foram cadastradas 356 rádios brasileiras e 40 de países sul-americanos.

Ana Flávia Marques é jornalista o Centro de Estudos de Mídia Independente Barão de Itararé

Para Jerry Oliveira, o modelo horizontal da rádio fortalece a construção de uma sociedade independente e a própria democracia.

- A programação está sendo construída coletivamente por 356 rádios do Brasil e mais 40 de outros países da América do Sul. Fechamos a grade para entrar em colaboração a cada 40 minutos, construindo a rede de correspondentes em 11 capitais e vários municípios. É importante participar, queremos que a informação seja horizontal. O site da rádio web já está funcionando a pleno vapor, no aplicativo vários dowlonds foram feitos. É importante dizer que a rádio difusão brasileira nunca fez a diferença para o bem, sempre fez para o mal, com exceção da rádio da legalidade do Brizola, que temos como referência. O primeiro fake News surgiu a partir do momento em que foi dada a primeira concessão privada de rádio de difusão do Brasil. É possível fazer o debate fazer a sociedade entender que radio comunitária não derruba avião, que rádio comunitária quer construir uma comunidade independente.  

Além da rádio, a TV Democracia amplia ainda mais o alcance das informações e notícias geradas a partir de Porto Alegre. E também de forma colaborativa, vai divulgar conteúdo produzido pela equipe da própria TV e de coletivos de mídia livre que estão cobrindo a programação. O coordenador da TV Democracia é o jornalista da Fundação Perseu Abramo David Santos Jr. Ele reafirma a importância da disputa da narrativa contra o golpe:

- Estamos com um estúdio montado na sede da Fetrafi e mais duas equipes móveis que vão cobrir atividades externas, além de cobertura em rede onde pegamos transmissões que estão acontecendo naquele momento pelos coletivos de mídia que participam da cobertura colaborativa, como o Mídia Ninja, jornalistas livres, coletivos locais de Porto Alegre. Essa estrutura não é nova, já usamos em outras oportunidades. Se a mídia hegemônica tem seu esquema de transmissão direto, a gente pensou que a nossa narrativa precisava disso. Precisamos tentar, na medida do possível, colocar nossa narrativa em choque com a deles. Não somos pautados por eles, mas precisamos estabelecer nossa narrativa. Independente do que eles vão mostrar, a gente vai mostrar o que realmente está acontecendo.

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