Margaridas do RN buscam financiamento para marcha em agosto
Natal, RN 29 de mar 2024

Margaridas do RN buscam financiamento para marcha em agosto

24 de junho de 2019
Margaridas do RN buscam financiamento para marcha em agosto

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Rita Teixeira é agricultora há 53 anos. Membro do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Baraúna (RN), onde mora com o marido, duas filhas e a mãe também agricultora, ela é uma das mil mulheres que  representarão o Rio Grande do Norte na Marcha das Margaridas, no mês de agosto, em Brasília. Essa é a quarta vez que a potiguar vai ao Congresso Federal levar pautas em defesa das mulheres do campo.

O Estado potiguar é representado na Marcha desde a primeira edição, que aconteceu em 2000. Ilma Maria, de 66 anos, faz parte desse grupo pioneiro. Coordenadora de Mulheres do Sindicato de Caraúbas, 'tia Ilma', como é conhecida, mora na comunidade sítio Boagua e também integra outros 14 grupos de mulheres da região, cerca de 300km distante de Natal. A agricultora nasceu no campo e nunca abandonou a roça, exceto quando cursou pedagogia em Mossoró, profissão que disse nunca ter exercido, embora ensine, no dia a dia, sobre autonomia e direitos às tantas mulheres que buscam aos sindicatos rurais.

Segundo Ilma, o sindicato de Caraúbas vai levar 15 mulheres para a capital federal. A quantidade de pessoas é limitada em razão dos recursos arrecadados com auxílio da Prefeitura, Câmara de Vereadores, comércio e amigos. Além do financeiro, o grupo também tem se preparado para a ação promovendo rodas de conversas, oficinas e realizando momentos de conscientização sobre a Marcha.

"Nossa principal luta são os direitos iguais para as mulheres e a previdência. Especialmente esse ano vamos focar na Reforma da Previdência porque a gente sabe que conseguiu esse direito com muita luta, com muita bravura e agora estamos com risco de perder. Então, a luta é para a reforma não ser aprovada ou que seja aprovada sem que os nossos direitos sejam tirados", disse.

Para a agricultora, a Marcha tem causado impacto em Brasília nos últimos anos. Ela conta que a campanha de documentação das mulheres e o direito à terra são algumas dessas conquistas. No retorno da mobilização para os municípios, a pedagoga conta que toda a movimentação feita é repassada às quase 200 mulheres envolvidas com os sindicatos.

"Na volta, a gente diz o que conseguiu e o que não conseguiu, repassando para as mulheres que não foram. Nem todas podem ir, mas nosso objetivo é que todas fiquem sabendo. Não estamos indo passear, estamos indo lutar para melhorar a qualidade de vida de todas as mulheres", explica.

A expectativa é de que 20 ônibus partam aqui do Estado para as ruas da capital federal, levando, ao todo, cerca de mil mulheres. A informação foi dada por Gliziane Plúvia, que há 16 anos faz parte da Marcha Mundial das Mulheres em Mossoró e região, organização que auxilia na mobilização da Marcha das Margaridas. Cada estado brasileiro tem uma meta de participantes a serem levadas.

A Marcha ainda aguarda uma posição do Governo do Estado sobre o número de ônibus que vai ceder para o movimento, o que não foi confirmado até o momento. Em 2018, a Marcha das Margaridas conseguiu "arrancar" seis ônibus da gestão Robinson Faria e as ativistas esperam que, no mínimo, a quantidade seja mantida.

Organizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares, a Marcha das Margaridas terá sua 6ª edição nos dias 13 e 14 de agosto de 2019, em Brasília. A iniciativa luta contra a violência e em defesa dos direitos sociais e políticas públicas relacionadas à produção de alimentos saudáveis. A expectativa é de que pelo menos 100 mil mulheres participem do evento na capital federal.

A ação acontece de quatro em quatro anos e é uma forma das mulheres rurais, quilombolas e indígenas se mobilizarem em favor da igualdade, autonomia e liberdade, junto aos movimentos feministas, centrais sindicais e organizações internacionais. Elas também reivindicam demandas de agricultores e agricultoras familiares, além de entregarem suas pautas, discutidas em rodas de conversa um anos antes, ao Governo e Congresso Federal. A Marcha conta com a parceria de 16 organizações sociais e movimentos.

Pela primeira vez, as participantes fizeram um financiamento coletivo para a captação de recursos complementares. É possível acessar a plataforma e ajudar o grupo clicando aqui. Até esta quinta-feira (06), a marcha havia arrecadado 66% do valor total. A campanha segue até o dia 02 de julho e o valor obtido será revertido em despesas com locação de espaço e equipamentos de som, itens e serviços de segurança higiene a limpeza, saúde, alimentação, logística, divulgação, comunicação e cultura, além dos custos de deslocamento dos estados para Brasília.

Margaridas

Criado em 2000, a Marcha das Margaridas acontece a cada quatro anos a fim de dialogar com o Governo Federal sobre pautas de “mulheres do campo e da floresta”, como se definem, que giram em torno do acesso à terra, agroecologia, fim da violência sexista, acesso à saúde, além de autonomia econômica, democracia e participação política.

Em 2015, a denominação “mulheres das águas” foi incluída, para afirmar a diversidade das mulheres rurais, como agricultoras familiares, camponesas, sem-terra, acampadas, assentadas, assalariadas, trabalhadoras rurais, artesãs, extrativistas, quebradeiras de coco, seringueiras, pescadoras, ribeirinhas, quilombolas, indígenas e tantas outras identidades construídas no País.

Parceiras

Marcha Mundial das Mulheres – MMM
Articulação de Mulheres Brasileiras – AMB
União Brasileira de Mulheres – UBM
Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste – MMTR-NE
Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu – MIQCB
Conselho Nacional das Populações Extrativistas – CNS
Movimento Articulado das Mulheres da Amazônia – MAMA
GT Mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia
União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária – Unicafes
Confederação de Organizações de Produtores Familiares
Camponeses e Indígenas do Mercosul Ampliado – Coprofam
Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras Assalariados e Assalariadas Rurais – CONTAR
Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas Costeiros e Marinhos – Confrem Brasil
Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas – CONAQ
Movimento de Mulheres Camponesas – MMC
Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB
Central Única dos Trabalhadores - CUT

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