Mídia argentina usa Bolsonaro para amedrontar eleitores  
Natal, RN 19 de abr 2024

Mídia argentina usa Bolsonaro para amedrontar eleitores  

25 de outubro de 2019
Mídia argentina usa Bolsonaro para amedrontar eleitores   

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De cada 10 matérias e reportagens sobre as eleições da Argentina na mídia tradicional do país, 9 são críticas aos candidatos da Frente de Todos Alberto Fernandez e Cristina Kirchner, que lideram a corrida presidencial. Nos últimos dias, até o presidente do Brasil Jair Bolsonaro (PSL) foi usado para amedrontar os eleitores que vão às urnas no próximo domingo (27).

O tradicional Clarín publicou na página 9 a matéria “Bolsonaro habló de apartar a la Argentina del Mercosur” , na qual destaca uma declaração recente do brasileiro, em viagem ao Japão, ameaçando retirar a Argentina do Mercosul caso vença a chapa Fernandez/Cristina, numa clara tentativa de interferir no pleito vizinho.

O jornal reproduz a agressividade de Bolsonaro:

- Bolsonaro voltou a vincular o kirchnerismo com a extrema-esquerda do continente e disse que seu governo não facilitará que essas correntes ideológicas formem “uma grande pátria bolivariana como queriam os governantes dessa época”, destacou o Clarín.

O jornal também ressaltou o que Bolsonaro falou ao primeiro ministro do Japão, Shinzo Abe, sobre novos parceiros comerciais.

- Nós queremos que a Argentina continue no bloco comercial, caso a oposição vença, da mesma forma que (o presidente Maurício) Macri. Caso contrário, podemos nos reunir com Uruguai e Paraguai”, frisou.

Mídia ligada a Maurício Macri traz Jair Bolsonaro para a campanha presidencial, mas estratégia pode ser tiro no pé

A estratégia de usar a imagem de Bolsonaro para ajudar a alavancar votos para Macri pode ser um tiro no pé da imprensa e do próprio presidente argentino. Mesmo entre eleitores de Macri, a imagem de Bolsonaro é muito ruim em razão da posição agressiva e violenta do presidente do Brasil. Já provocaram repulsa nos argentinos declarações de Jair Bolsonaro sobre a comunidade LGBT e a defesa que o Chefe de Estado brasileiro faz de ditaduras e de ditadores. O período de exceção na Argentina deixou muitas marcas no país. As entidades civis e movimentos sociais contabilizam aproximadamente 30 mil pessoas entre mortes e desaparecidos durante 1966 e 1973, na Argentina.

Em entrevista recente, o antropólogo Alejandro Grimson destacou que, mesmo na divergência, o povo argentino têm consenso quanto aos males da ditadura militar para o país:

"Em uma sociedade com muito poucos consensos como é a argentina, até hoje é consenso a catástrofe econômica, social e humana que foi a ditadura", disse.

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