Mossoroense vence festival internacional de cinema de Baía Formosa
Natal, RN 20 de abr 2024

Mossoroense vence festival internacional de cinema de Baía Formosa

3 de dezembro de 2019
Mossoroense vence festival internacional de cinema de Baía Formosa

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O 10° Festival Internacional de Cinema de Baía Formosa (FINCBF), evento anual que congrega três mostras competitivas de filmes e atividades de formação no município de 9 mil habitantes no litoral sul do Rio Grande do Norte, premiou o o ator mossoroense Plínio Sá. Ele conquistou o principal prêmio do evento com o sensível Quando o Vento Passar, curta que utiliza a alegoria do vento para tratar da sensibilidade e dos sentidos.

Com dez anos de estrada, o FINCBF se consolida como um festival de entrada, em que jovens que talvez nunca tenham pensado em fazer cinema se aventuram na produção de curtas de 1 minuto. Quem vence essa competição é premiado com passagens e despesas pagas para o Festival Off Camera, na Polônia, o maior de cinema independente na Europa.

O destaque dado ao festival à categoria de 1 minuto incentiva qualquer um a se aventurar com uma câmera na mão. Além do tempo de duração, o produtor também deve se ater ao tema da mostra, que este ano foi Bons Ventos. Uma curadoria seleciona previamente os dez melhores filmes, que são exibidos no Festival Off Camera. Entre esses dez, de acordo com a pontuação do júri da premiação, é escolhido o ganhador, que ganha a viagem para o festival.

Em anos anteriores, gente conhecida da cena cinematográfica local já levou o prêmio tão disputado. Parece que este ano a coisa atendeu, de fato, aos princípios idealizados pelo festival. Plínio soube aproveitar o minuto que tinha para contar uma história com começo, meio e fim, sugerindo muito mais que explicando.

Público compareceu de várias regiões do Estado para prestigiar o festival (foto: Tatiana Lima)

Na Mostra de Curtas Potiguares, voltada para produções audiovisuais desenvolvidas no Rio Grande do Norte nos últimos dois anos, com temática livre e duração máxima de 15 minutos, o vencedor foi Madrigal, de Felipe Silva de Oliveira. O diretor retrata, com olhar documental, um pouco da trajetória da multi artista Civone Medeiros, num curta produzido com belas e variadas locações e depoimentos valiosos. Um gol para a produção documental potiguar.

Também foi premiado Sihan Félix, como melhor diretor, pelo trabalho no curta Ela, João, uma delicada e poética ode à resistência LGBT. O filme é inspirado na peça João ou Eu Só Queria Ver os Pássaros, de Michelle Ferret, Thiago Medeiros e Marina Rabelo. Na categoria melhor roteiro, Chico de Cinema, de direção de um coletivo de Caicó, foi o filme vencedor.

Formação

O FINCBF não vive só de mostras, mas também investe em formação. Ao longo deste ano, oficinas de cinema e fotografia foram ministradas em Baía Formosa, Caicó e Mossoró. Como resultado de uma parceria com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), há inclusive uma categoria exclusiva para curtas da escola, na qual o filme Metade de Mim, de Edmundo Duarte, foi o vencedor.

A parceria também se mostrou profícua no Seridó: alunos de Parelhas foram os vencedores na categoria Pérolas do RN, dedicada a filmes de 1 minuto que apresentam belezas turísticas do Estado. A turma de Gabriel Victor, o diretor, aliás, se revelou campeã de torcida. O IFRN da cidade levou seus alunos ao festival, que vibraram a cada exibição dos vários filmes que inscreveram.

Ares de festival

O clima na cidade nesses dias, por sinal, muda. Com uma tela gigante ao ar livre, pipoca gratuita e banda marcial para receber os espectadores, Baía Formosa vive um clima de disputa nos dois dias de festival, que só é superado, provavelmente, pelas competições de surfe pelas quais a cidade é conhecida. Terra do atual líder do Mundial de Surfe Ítalo Ferreira, a cidade deixa de ser a terra do surfe e se torna a terra do cinema potiguar, por dois dias. Além das três competições de cinema, também teve concurso de pipas no último dia do festival.

É curioso notar como há torcida para cada um dos filmes, e como as pessoas opinam, baixinho, sobre seus favoritos. Mais que uma profusão de obras desconhecidas, o público vai ali para ver o que sua turma fez e ver o quanto jovens realizadores podem evoluir, passando pelos curtas de 15 minutos, até se tornarem realizadores de renome (o festival também exibe curtas convidados, como o belíssimo 3 Pies, da cineasta colombiana Giselle Geney).

Por outro lado, os habitantes da cidade se habituam a ver arte, num Estado em que há cinemas apenas na capital e na segunda maior cidade, Mossoró. Este talvez seja o maior mérito dos dez anos de FINC.

Um festival e um resort

O festival começou como delírio de um grupo de poloneses dispostos a construir um mega resort em Baía Formosa. Como parte das atividades que realizaram para se aproximar da comunidade local, o FINC foi pensado pelo cineasta e produtor de cinema Greg Hajdarowicz, empresário e cônsul honorário do Brasil na Polônia.

O resort ainda não saiu, mas o festival se solidifica. Este ano 36 filmes de um minuto estavam em competição, nesta que é a principal categoria do evento.

E a Lei Rouanet?

Desde o início, o Festival contou com incentivos estatais e do empresariado local. A Cosern, patrocinadora do evento por meio da Lei Câmara Cascudo por vários anos, este ano não financiou o festival, a despeito da aprovação do projeto na legislação estadual. Os organizadores contam, assim, com parcerias com empresas de turismo, com a Michelle Tour e Marazul Receptivos, e a valiosa contribuição de uma equipe de voluntários, selecionados entre jovens de escolas públicas locais.

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