O MST entrou com um pedido no (STJ) Superior Tribunal de Justiça para impedir a ordem ilegal de despejo no acampamento Quilombo Campo Grande, em Minas Gerais. Aproximadamente 200 policiais de cinco batalhões diferentes da Polícia Militar foram até o acampamento para cumprir a ordem de despejo.
Uma escola e um barracão onde moravam três famílias foram derrubados. A polícia não soube apontar um local para acolher as famílias ou levar as criações dos camponeses e chegou a sugerir que elas deveriam ir para a Vila Vicentina, onde se concentram os casos confirmados de Covid-19 na cidade.
Coordenador nacional do MST, João Pedro Stédile acusou o governador de Minas Gerais Romeu Zema de trair o povo de Minas:
- O gov. Zema, como era de esperar, traiu o povo de Minas de novo. O despejo não foi suspenso, a PM continuou na área, destruiu a escola e os barracões.Traiu até ao pres. da CNBB e arcebispo de BH com quem tinha se comprometido. Santa paciência, protegei-nos de tantos hipócritas!", escreveu no twitter.
Clima tenso
Foram mais de 12 horas de tensão na quarta-feira, até que o governador de Minas Gerais Romeu Zema (Novo) anunciasse recuo sobre o despejo. Ainda assim, a polícia permaneceu no local. O comandante da ação disse ao MST que o despejo continuaria caso não recebesse ordem de suspensão de forma oficial.
Zema disse que a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social havia encaminhado o pedido de suspensão à comarca de Campo Gerais, que não foi aceito. O MST critica Zema:
“Ele é o governador e podia dar a ordem para a polícia parar com essa atrocidade e se retirar, pelo menos enquanto recorremos na Justiça. Todo mundo aqui está em risco agora, exposto ao Coronavírus. Em vez disso, ele se acovarda e inventa desculpas”, disse a coordenadora estadual do MST Débora Mendes.
O posicionamento do governador aconteceu depois de um dia de intensa mobilização virtual, política e de resistência dos acampados na área. Nas redes sociais, inúmeros parlamentares publicaram vídeos solicitando a suspensão da reintegração de posse, assim como movimentos populares e setores da Igreja Católica. A tag #salvequilombo foi uma das mais comentadas do dia no twitter.
O movimento organizou ainda uma petição online e o envio de mensagens ao site do Tribunal de Justiça de MG.
O Presidente da comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM), 66 parlamentares e o presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos solicitaram uma reunião emergencial com Romeu Zema.
Com informações da página oficial do MST