Músico potiguar que teve equipamentos roubados em assalto lança vakinha virtual para retomar carreira
Por incrível que pareça, a pandemia não foi o pior momento dos últimos meses na vida do músico Fábio Rocha Melo, o Zé Caxangá ou Fabão da Orquestra Boca Seca e de outras tantas bandas da cena musical independente natalense.
Na madrugada de 6 de janeiro, após um show num bar da Cidade Alta, Caxangá foi vítima de assalto no largo do Atheneu, em Petrópolis, e teve todos os equipamentos do estúdio móvel levados pelos bandidos. O músico ficou sem o computador, os microfones e os pedais.
- Só não levaram a guitarra porque estava no chão e não viram”, conta, ainda traumatizado pela noite.
Sem grana para comprar o mesmo material que adquiriu nos últimos dois anos, Fabão lançou na segunda-feira (18) uma vakinha virtual e conta com a ajuda de amigos e fãs para reaver os equipamentos roubados. O objetivo é arrecadar R$ 6 mil. Só no primeiro dia da campanha ele já conseguiu R$ 2,095 mil. Para contribuir clique aqui
- Os amigos já estão ajudando. Fiz a campanha pra levantar pelo menos o computador e os microfones. Me senti muito amado pelas pessoas. Não sabia que as pessoas gostavam tanto de mim assim”, disse, emocionado.
Fabão é um dos músicos mais queridos da cidade e atua em vários projetos. Além de guitarrista da Orquestra Boca Seca, Ângela Castro e Buena Onda, Orquestra Greiosa, entre outros grupos, ele já fez parte da banda Luísa e os Alquimistas e Clara e a Noite.
Um socorro emergencial para tempos tão difíceis virá da lei Aldir Blanc. Fabão vai participar de alguns projetos aprovados pela lei criada para auxiliar artistas de todo o país.
Assalto
O músico conta que já estava esperando um uber quando dois jovens armados chegaram anunciando um assalto. Recolheram celulares, bolsas e outros pertences dos clientes. O momento mais tenso ocorreu quando um dos assaltantes tropeçou e derrubou cerveja em um cliente, que reagiu sem saber que se tratava de um assalto. O bandido, segundo Fabão, apertou o gatilho oito vezes, mas a arma não disparou.
- A galera gritando, se jogando no chão, foi tenso demais”, lembra.
Após a noite traumática, o músico conta que não tem tido vontade de sair de casa e passou a ficar mais com a filha. Os trabalhos que fazia em estúdio, como produtor, estão parados até que consiga comprar os equipamentos roubados:
- Como estúdio estou sem trabalhar, estava com vários projetos para começar com Glória Morena, Sueldo Soares, Geraldo Carvalho, Orquestra Boca Seca... e fico com medo também, a gente que é artista e é um pouco mais sensível.... estou me apegando à minha filha e aos amigos, ficando mais em casa, sem vontade de sair”, afirmou.
Os equipamentos roubados não fizeram Fabão odiar, defender a redução da maioridade penal ou pena de morte para os assaltantes. Pelo contrário, o músico se diz estimulado a voltar a trabalhar com projetos sociais:
- Ódio nenhum, ao contrário: pensei inclusive em voltar a fazer um projeto de arte e educação aqui na minha comunidade, na Vila de Ponta Negra”, afirmou.