Ao contrário do que vem sendo publicado em revistas científicas e defendido por pesquisadores, a Associação Médica do Rio Grande do Norte (AMRN) fez uma coletiva de imprensa nesta segunda (25) para defender o “tratamento precoce” para covid-19 com a utilização de medicamentos sem eficácia científica comprovada, como a ivermectina e cloroquina.
De acordo com o presidente da Associação, Marcelo Mattos, os médicos têm sofrido com a politização da questão e o uso dessas medicações pode reduzir o número de internações nos hospitais. Já o médico e presidente do Comitê Científico de Natal, Fernando Suassuna, garantiu que o uso dos remédios começou sem comprovação científica, cuja eficácia acabou sendo comprovada por médicos e pacientes.
Como tratamento precoce à covid-19, a Prefeitura de Natal comprou 1 milhão de comprimidos de ivermectina para distribuição em massa à população e o prefeito Álvaro Dias, depois de ser flagrado tentando furar a fila de vacinação, disse que tomou ivermectina e que, por isso, estava protegido e não precisaria se vacinar.
No entanto, um levantamento feito pelo Uol mostra que das dez cidades com mais de 100 mil habitantes que fizeram oficialmente a distribuição de kit para tratamento precoce da covid-19, nove têm índice de mortalidade mais alto do que a média dos estados. Um dos exemplos é, justamente, Natal, que apesar da distribuição da ivermectina, além de outros medicamentos como a cloroquina, tem taxa de mortalidade 57,1% maior do que a média de todo o Rio Grande do Norte.
Até o momento, o estado já contabiliza um total de 24 médicos mortos em decorrência da covid-19, segundo o Sindicato dos Médicos do RN. Na última sexta (22), o Ministério Público Federal dos estados do Amazonas, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe exigiu um posicionamento do Conselho Federal de Medicina quanto ao uso de medicações para o tratamento precoce da covid-19. Além disso, o MPF também solicitou uma avaliação do CFM dos gestores e médicos que usam e defendem publicamente a utilização de medicação sem eficácia científica comprovada.
Nesta segunda (25), em resposta ao MPF, Mauro Luiz de Britto Ribeiro, presidente do Conselho Federal de Medicina, escreveu um artigo na Folha de São Paulo em que, simplesmente, se omite no debate do uso de medicação sem comprovação científica como tratamento precoce para covid-19. Em seu currículo Lattes, Mauro Luiz de Britto Ribeiro apresenta formação em Medicina e especialização em cirurgia geral. Sem graduações acadêmicas de mestrado ou doutorado.
No último dia 19 de janeiro, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), em conjunto com a Associação Médica Brasileira (AMB), publicou nota não recomendando a utilização de medicação sem comprovação científica no tratamento precoce à covid-19.
Lista de médicos mortos no RN por covid-19:
Dr. Adelmaro Cavalcanti
Dra. Débora Fernandes
Dr. Eduardo Campero
Dr. Elio Marson
Dr. George Bezerra
Dr. Jayme Júnior
Dr. João Batista Medeiros
Dra. Altamira de Oliveira
Dr. Nivaldo Júnior
Dr. Paulo Matos
Dr. Raimundo Clodovil
Dr. Renê Rodrigues
Dr. Samir Assi João
Dr. Solon Ferreira
Dra. Valéria Calife
Dra. Marlene Abrantes
Dr. Jorge Boucinhas
Dr. Jair Nogueira
Dr. Jares Queiroz
Dr. Ivan Cavalcante
Dra. Maria José Bezerra de Lima Silveira
Dr. João Tarcísio de Sena
Dr. Felizardo Barreto
Dra. Maria das Graças Borges