Em entrevista ao portal Uol concedida nesta quarta-feira (16), o ex-presidente Lula voltou a demonstrar indignação com o processo que o levou à prisão e, mais do que o julgamento em segunda instância – que deve ser levado ao plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira (17) – está interessado em sua inocência.
“Antigamente, era mais fácil. Mandava esquartejar, salgar, pendurar no poste. Cometeram a bobagem de me prender, cometeram a bobagem de me acusar, agora vão ter que suportar esse peso aqui dentro. Eles são livres para fazer o que eles quiserem, eles têm poder. Moro provou que o juiz tem o poder de Deus. O que ele não esperava era que estivesse neste país um cidadão com caráter de resistir à Globo, de resistir a mais de 80 capas de revista contra mim, de resistir a milhares de primeiras páginas de jornal contra mim. Porque o Aécio Neves não aguentou uma capa da Veja”, disse Lula.
“Vou dizer o que eu já disse: eu não estou aqui para trocar a minha dignidade pela minha liberdade. Veja, quem precisa de progressão é quem foi condenado, culpado. “Confesso que fui culpado” – e então ele aceita uma progressão da pena. Eu não quero progressão da pena, quero a minha inocência. A invenção do tríplex foi um escárnio. Aliás, a invenção do tríplex é do mesmo jornalista canalha que fez a matéria da IstoÉ esta semana [afirmando que Rosângela da Silva, namorada de Lula, dá ordens dentro do PT]. É o mesmo, ou seja, eu não posso admitir”, disse.
Sobre o julgamento que deve iniciar nesta quinta-feira (17) no STF, Lula disse que quer que os ministros anulem o processo que o levou à prisão.
“Não estou reivindicando essa discussão de segunda instância. Não estou interessado nisso. Eu estou interessado na minha inocência. O que quero é que os ministros da Suprema Corte tenham acesso à verdade do processo, aos inquéritos mentirosos da Polícia Federal, do Ministério Público, liderado pelo Dallagnol, pelo mentiroso do Moro, na sentença, e anulem esses processos. É a única coisa que me interessa. Se vai ser um ano a mais ou um ano a menos, se vou ficar aqui ou em outro lugar, não importa. Nada me interessa a não ser a minha inocência. Eles procuraram um jeito de me tirar da disputa política, de tentar destruir o PT, e eu estou aqui”.