Não viraremos uma Venezuela! Talvez viremos Chile ou Argentina…
Natal, RN 20 de abr 2024

Não viraremos uma Venezuela! Talvez viremos Chile ou Argentina...

25 de outubro de 2019
Não viraremos uma Venezuela! Talvez viremos Chile ou Argentina...

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Hoje se sabe com mais clareza (e certeza) que o (des)Governo Bolsonaro foi eleito com base na prisão do líder das pesquisas após processo judicial suspeito, em fake news e disseminação profissional delas, e também na construção de "fantasmas" e "inimigos imaginários". A Venezuela era um deles.

No imaginário da campanha bolsonarista, a Venezuela era - junto com Cuba - o pior dos mundos, o parâmetro na qual se media o que não poderíamos nos tornar. E claro que quem nos transformaria na Venezuela, este inferno na Terra, seria o "comunismo" do PT (já que a Venezuela é "comunista" com Maduro). Muita gente, inclusive das minhas relações, citou o perigo de que o "Brasil não virasse uma Venezuela" como razão para "não votar no PT", ou seja, em quem estivesse no lado oposto, ou seja, finalizando o encadeamento, em Bolsonaro.

Mas, menos de um ano após a posse de Bolsonaro estes "inimigos imaginários" começam a se esfarelar, junto com a Economia, a Diplomacia, a Amazônia e tudo o mais. Primeiro porque parte da população, mesmo entre eleitores circunstanciais do "mito" perceberam que não havia o risco do Brasil "se tornar uma Venezuela" e nem a Venezuela, com seus defeitos, problemas e contradições, é o pior dos mundos. E em segundo, porque alguns países vizinhos de política tão liberal e "anticomunista" como a de Bolsonaro e Paulo Guedes começaram a naufragar diante de nossos olhos.

É o caso da Argentina, de Macri, saudado como "herói do liberalismo" pela imprensa brasileira e que hoje amarga ter deixado a Argentina em situação muito pior do que encontrou e esyá prestes a perder a eleição para o progressista Fernandez (que tem Cristina Kirchner, odiada pelos bolsonaristas por ser "comunista", como vice).

E agora, mais ainda o caso do Chile, que se vê às voltas com uma convulsão social violenta, com mortes e incêndios. Logo o Chile, cuja Previdência supostamente modelo era e é tão elogiada por Paulo Guedes e cujo presidente, o direitista Piñera, é parceiro ideológico de Bolsonaro.

É certo que o bolsonarismo/olavismo não contava com o caos na Argentina, no Chile e ainda no Equador, também sob governo de Centro-Direira liberal. O problema de criar, por razões eleitorais e/ou de manipulação de massas, inimigos imaginários e realidade paralela e que facilmente as coisas podem sair do controle. Como estamos vendo agora. Parecia tão cômodo para o bolsonarismo brincar de fiscalizar as fronteiras com a Venezuela e ajudar os refugiados. Mais cômodo que entender porque o Chile está pegando fogo se as reformas lá são idênticas as que Guedes quer implantar no Brasil.

Saindo um pouco do assunto, também chama a atenção a máscara que cai do bolsonarismo combater as "ditaduras venezuelana e cubana". Na verdade,o problema desse pessoal é com o Comunismo, não com ditaduras. Tanto que Bolsonaro e filhos mantém relação amistosa com Bin Salman, filho do ditador da Arábia Saudita, que serrou e diluiu em ácido em jornalista. Mas, não é comunista.

No frigir dos ovos, estamos mais perto de virar uma Argentina (pela crise econômica e recessão) e um Chile (se começarem protestos de rua vilentos como os registrados em 2013) do que de uma Venezuela, que mal sabemos realmente o que é e como funciona. Eleger-se com inimigos imaginários é mais fácil do que governar com eles.

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