Natália Bonavides entra na Justiça contra Fábio Faria e Wajngarten por uso de conta institucional para promoção pessoal de Bolsonaro
No dia 31 de dezembro, na conta oficial da Secretaria Especial de Comunicação Social, foi publicada uma imagem com foto do presidente Jair Bolsonaro e uma mensagem celebratória. Foi essa postagem que levou a deputada federal Natália Bonavides (PT-RN) a apresentar notícia de fato no Ministério Público Federal contra Fábio Faria, ministro das Comunicações, e Fábio Wajngarten, secretário de comunicação. A acusação é de improbidade administrativa, já que os dois ocupantes de cargo público violaram o princípio da impessoalidade ao utilizarem os meios de comunicação institucionais do Governo Federal para promover pessoalmente o presidente da República.
Pela Constituição Federal, os canais institucionais devem ter caráter educativo, informativo ou de orientação social. É proibida a disposição de nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.
“Temos um exemplo clássico de ato de improbidade administrativa, tão clássico que é justamente esse tipo de exemplo que professores de direito recorrem como ferramenta pedagógica para que estudantes entendam o que é ato de improbidade administrativa”, argumenta Natália Bonavides.
A deputada Natália Bonavides também lembra que essa não é a primeira vez que o Governo Federal desvirtua a função de sua comunicação oficial, o que já motivou a parlamentar a protocolar representação sobre temas similares, como no caso do uso da EBC para proselitismo político na transmissão do jogo do futebol entre as seleções do Brasil e do Peru. A conta da Secretaria de Comunicação também traz postagens recentes reverenciando os dois anos de mandato do presidente.
“Não existem dúvidas. Trata-se aqui de flagrante utilização da estrutura da Administração Pública para promoção pessoal do presidente da República. Espero que o Ministério Público Federal apure brevemente os fatos e, ao fim, tome as providências pertinentes”, defende Natália.
Com essa, já são 29 judicializações iniciadas pela deputada Natália Bonavides contra o governo federal fora da esfera do Congresso Nacional. Nos últimos dois anos foram abertas ações populares, mandados de segurança, representações na Procuradoria Geral da República, notícias-crimes e até uma denúncia internacional, na qual a parlamentar denunciou o Ministério da Saúde no Alto Comissariado da ONU por ataques contra o aborto legal no Brasil.
Além de Fábio Faria e Fábio Wajngarten, também já foram processados por Natália o presidente Bolsonaro, os ministros Fernando Azevedo (Defesa), Ricardo Salles (Meio Ambiente), Eduardo Pazuello (Saúde) e Augusto Heleno (Segurança Institucional).
O ministro das Comunicações, o potiguar Fábio Faria, também costuma usar sua conta pessoal para fazer frequentes reverências ao presidente Bolsonaro. Faria é filho do ex-governador Robinson Faria (PSD), responsável por deixar quatro folhas de pagamento atrasadas para a gestão seguinte que assumiu o governo do estado do Rio Grande do Norte em 2019. Ele também é genro de Silvio Santos, notório defensor do governo de Bolsonaro e proprietário do SBT, que superou a Globo na captação de verbas publicitárias do Governo Federal num comparativo entre os anos de 2017 e 2019:
Verba publicitária paga às emissoras no 1º trimestre de 2017
Globo: R$ 6,9 milhões
SBT: R$ 1,34 milhão
Record: R$ 1,21 milhão
Verba publicitária paga às emissoras no 1º trimestre de 2019
Record: 10,3R$ milhões
SBT: 7,3 milhões
Globo, 7,07 milhões
Processo por ataques ao processo eleitoral
Diante das acusações sem provas ao sistema eleitoral brasileiro e por ameaças a democracia do País feitas pelo presidente Jair Bolsonaro nessa última quarta (6), o Partido dos Trabalhadores (PT) protocolou nesta quinta-feira (7) duas representações contra o presidente junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a Procuradoria-Geral da República (PGR).
Ao comentar sobre a invasão do Congresso norte-americano por extremistas pró Trump, que queriam contestar o resultado das eleições nos Estados Unidos, Bolsonaro afirmou que:
“Se nós não tivermos o voto impresso em 22 (2022), uma maneira de auditar o voto, nós vamos ter problema pior que os Estados Unidos”.
Para os parlamentares do PT, há ameaça velada caso o resultado da futura eleição em 2022 não seja do agrado do atual presidente. Eles ressaltam que a manipulação do medo coletivo diante de uma mentira espalhada faz parte da estratégia fascista que não responde às demandas e problemas diários enfrentados pela população. Sendo, portanto, uma forma ilegítima de garantir poder político, contrariando as regras democráticas. O senador Jean-Paul Prates (PT-RN), também assinou o documento.