Natália cobra da Câmara solução para asfixia do CNPq
Natal, RN 23 de abr 2024

Natália cobra da Câmara solução para asfixia do CNPq

29 de agosto de 2019
Natália cobra da Câmara solução para asfixia do CNPq

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Representantes da comunidade acadêmica e especialistas alertaram, quarta-feira (28), para a urgência em definir saídas orçamentárias que objetivem solucionar o financiamento de bolsas de pesquisas concedidas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Com saldo para pagamento de pesquisadores garantido apenas até setembro deste ano, o pedido sobre a necessidade de recursos foi reforçado pela deputada federal Natália Bonavides (PT-RN) em nota divulgada sobre a audiência realizada na Câmara dos Deputados para debater o orçamento do conselho.

De acordo com a parlamentar, estratégia do governo de Bolsonaro é promover "um projeto de desmonte de toda a estrutura social e econômica do Brasil que tem como uma de suas vertentes o ataque a Ciência".

Em audiência pública realizada na Câmara dos Deputados, o principal tópico de discussão foi a situação orçamentária do CNPq, importante órgão que financia diversas bolsas e auxílios de mestrado, doutorado, a produção tecnológica e a extensão inovadora para estudantes no Brasil e no exterior, conforme defende Natália Bonavides.

"Promover a pesquisa e inovação tecnológica proporciona grande ampliação e qualificação dos nossos profissionais, permitindo avanços em todas as áreas, como saúde, educação, segurança", afirma a deputada federal pelo Rio Grande do Norte.

Na audiência, o órgão declarou que os recursos dispostos para o restante deste ano serão insuficientes, a partir de setembro, para pagar as bolsas em vigência. Diálogos estão sendo construídos com o Ministério de Ciência e Tecnologia para conseguir reestruturar a Agência.

De acordo com Júlio Semeghini, Secretário do MCTIC, as expectativas sobre o orçamento para o restante de 2019 são baixas mediante os cortes orçamentários efetivados pelo governo de Bolsonaro.

"Não podemos deixar de abordar que a atual situação do CNPq gera insegurança para milhares de pesquisadores e pesquisadoras que dependem dos auxílios para darem continuidade aos estudos", denuncia Natália.

"Defender o CNPq é lutar pelo desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil", defende Natália Bonavides (PT-RN). DIVULGAÇÃO

Importante órgão de fomento à pesquisa nacional, o CNPq sofreu diretamente com os ataques à Educação promovidos desde maio pelo Governo Bolsonaro. Natália defende: "A Agência deveria ser vista como uma instituição de fundamental importância para o desenvolvimento técnico científico do país, o que de fato é, pois é de lá que grande parte das pesquisas saem". Entre 2018 e 2019, o CNPq perdeu mais de 300 milhões em investimentos.

Segundo dados do censo da educação superior, entre 2007 e 2017, o número de estudantes de graduação aumentou 68%, consequentemente, o número de solicitações de auxílios também.

"Essas bolsas devem ser vistas como remuneração para os pesquisadores, pois as pesquisas necessitam de dedicação e tempo", afirma a deputada, que concorda com o presidente da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich, sobre a importância dos investimentos em pesquisa.

"A missão do CNPq e da Capes está além de promover o desenvolvimento tecnológico e científico do país auxiliando na execução das pesquisas, os órgãos também são instituições necessárias ao progresso econômico, social e cultural do Brasil", pontua Natália.

"O que parece é que o objetivo dos cortes é deslegitimar perante todas e todos a pesquisa e a produção da ciência brasileira. E assim como foi mentirosa a retórica de que os cortes na educação eram para priorizar a educação básica, também é mentirosa a retórica de prioridade para a ciência e tecnologia. E é nesse contexto que se ataca o órgão que é um combustível da pesquisa no Brasil", denuncia a deputada federal do Partido dos Trabalhadores, em nota.

"Fica evidente que o governo quer é destruir a capacidade brasileira de produzir tecnologia. Visa manter a lógica de subdesenvolvimento, que nos submete ao papel de exportador de matéria-prima e alimentos, e importador de chips e computadores. Sufocar o orçamento do CNPq segue justamente esse projeto. Executa justamente esse desejo do governo de destruir os fundamentos para a nossa soberania e autonomia", finaliza Natália.

'Queremos avançar'

O pedido de aprovação do orçamento para o órgão foi reforçado pelo Presidente do CNPq, João Luiz Filgueiras de Azevedo. Segundo ele, os recursos previstos para 2019 eram menores em ao menos R$ 330 milhões desde o início da gestão.

Em um apelo, o atual presidente do Conselho afirmou que o órgão só dispõe de mais R$ 83 milhões em caixa para o pagamento de pesquisadores, mas seu custo mensal para manutenção das mais de 80 mil bolsas em andamento é R$ 82 milhões. “Após pagarmos as bolsas de setembro, sobrará na rubrica apenas um milhão de reais”, afirmou.

O déficit orçamentário do órgão é de R$ 330 milhões, valor necessário para o pagamento das bolsas até o fim do ano. O órgão já suspendeu a assinatura de novos contratos de bolsas.

Críticas a Paulo Guedes

Durante a audiência pública promovida nesta quarta pela Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados, especialistas também não pouparam críticas à gestão do Ministério da Economia.

“Política econômica deve envolver visão de futuro, pensamentos, sonhos. Porque foram sonhos que construíram o CNPq”, desabafou Luiz Davidovich. “Quais são os nossos sonhos para o futuro? Para um país que não dependa só de commodities? Vamos fazer remédios mais baratos para a população brasileira. Estes são nossos sonhos e é lamentável que estes sonhos são estejam sendo incorporados pelo Ministério da Economia”, questiona.

Para tentar reverter a situação orçamentária do Conselho, parlamentares prometeram incluir na pauta desta quinta (29), a votação de uma emenda que garantirá o pagamento das bolsas até outubro.

Atualmente, ainda encontra-se na CCTCI, à espera do parecer do relator o projeto de lei de autoria do deputado federal Márcio Jerry (PCdoB-MA), que veda o cancelamento, interrupção e o corte de bolsas concedidas pelos órgãos federais de apoio e fomento à pós-graduação e pesquisa.

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) também realizou um abaixo-assinado em defesa dos recursos para o CNPq e contra a sua extinção. A ação teve quaseum milhão de assinaturas, que foram entregues ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia. "Este tema é central para o país. Não nos calaremos diante dos ataques à ciência, pois o desenvolvimento do Brasil e do nosso povo passam por este caminho", defende Natália Bonavides.

*Com informações de Revista Fórum

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