Norte e Nordeste registraram maiores perdas de qualidade de vida após golpe contra Dilma
Em maio de 2016, o Senado Federal afastava a presidenta Dilma Rousseff sem que algum crime justificasse o impeachment. Ela avisava que o projeto daqueles que conspiraram contra a democracia incluía aprofundamento da pobreza e da desigualdade. Foi o que aconteceu, e atingindo em maior proporção o Norte e o Nordeste.
De acordo com o módulo Perfil das despesas no Brasil: indicadores de qualidade de vida, da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018, divulgado nesta sexta-feira (26) pelo IBGE, Norte e o Nordeste (0,209) foram as regiões que apresentaram as maiores perdas de qualidade de vida (IPQV), com índices 0,225 e 0,209 respectivamente. Já o Sul (0,115) e o Sudeste (0,127) tiveram o IPQV abaixo do nacional, que foi de 0,158. O do Centro-Oeste foi de 0,159.
Os resultados são representados por um número entre 0 e 1, com números mais próximos de 1 indicando que o grupo de famílias sofreu maior perda de qualidade de vida.
Essas perdas são medidas pelas privações para acessar condições mais confortáveis e dignas no que diz respeito à moradia, serviços públicos, alimentação e saúde, posse de bens duráveis e acesso a serviços financeiros, lazer e transporte.
Desde 2016, o Brasil tem perdidos programas sociais, como Minha Casa Minha Vida e mais recentemente o Bolsa Família pelas mãos do presidente Jair Bolsonaro.
“Esses indicadores mostram coisas interessantes que não conseguimos observar quando olhamos só para a renda, especialmente as diferenças entre as dimensões. O IPQV, por exemplo, indica que nas áreas rurais a perda de qualidade de vida é mais elevada e que por isso a contribuição dela é muito grande (22,9%) para o resultado do Brasil”, comentou o analista da pesquisa, Leonardo Oliveira, na publicação do estudo.
Mulheres e pessoas negras também perderam mais. Nas famílias em que a pessoa de referência era homem, o IPQV foi de 0,151, um valor menor do que aquele apresentado quando a família era liderada por mulher (0,169), que ficou acima do índice do Brasil. Já nos domicílios onde a pessoa de referência se declarou branca, o índice foi de 0,123, menor do que o registrado nas famílias em que a pessoa de referência era preta ou parda (0,185).
A perda de qualidade de vida também era maior nas famílias com pessoa de referência com pouca de escolaridade. Entre aqueles que não tinham instrução, o IPQV foi de 0,255. Esse valor diminui à medida que os níveis avançam, chegando a 0,076 quando pessoa de referência tinha o ensino superior completo.
RN
O Rio Grande do Norte teve maior perda que a média nacional no que se refere ao índice de perda de qualidade de vida. O índice potiguar foi de 0,205. Essa diferença em relação a média foi seguida pelos demais estados nordestinos, com o melhor desempenho em Sergipe (0,187) e o pior no Maranhão (0,260). Este último teve o pior índice geral entre as unidades da federação, enquanto a menor perda de qualidade de vida foi observada em Santa Catarina (0,100).
*Com informações da Agência de Notícias IBGE.