No festival sem fim de cortinas de fumaça disfarçadas de "guerra ideológica" para mascarar a total falta de projetos, o Governo Bolsonaro elegeu na semana passada o inimigo "ideológico" da vez: as universidades e sua "balbúrdia".
Recapitulando: O Ministério da Educação (MEC) anunciou a princípio um corte de 30% no repasse às três universidades; Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade de Brasília (UnB), que, segundo o ministro Abraham Weintraub, aquele que sensualiza mostrando a cicatriz no ombro, promoviam "balbúrdia". Depois o MEC deixou claro que o corte era para praticamente todas as universidades e institutos federais.
A partir daí, várias delas emitiram notas informando que, se os cortes se confirmarem, terão de paralisar atividades e suspender pagamentos a terceiros. Em grande parte dos casos, o maior impacto ocorrerá no pagamento de contas como água, energia elétrica, serviços de limpeza e aquisição de materiais. No Rio Grande do Norte, IFs e UFRN sofrerão bastante com os cortes.
Que o atual governo que destruir o país e tornar o futuro terra arrasada me parece claro. O que me instigou foi a razão inicial para o corte de verbas, a título de mal disfarçada retaliação: "Balbúrdia". Entre os atos de balbúrdia citados pelo ministro e depois replicado pelos bolsonaros, baba-ovos e bots boslonaristas, o "nudismo nas universidades". E a partir daí uma infinidade de memes e fake news sobre pessoas nuas nas universidades brasileiras.
Parece claro também que esse Governo tem uma relação freudiana, talvez reichiana mesmo, com a nudez e os órgãos genitais. Desde o guru dos Bolsonaros, o astrólogo autointitulado Olavo de Carvalho que não consegue se expressar sem usar a palavra "cu" até um presidente que num domingão de Carnaval consegue achar um vídeo aleatório de "golden shower" (pessoa mijando em outra) e postar para milhões em seu Twitter.
Claro que um Governo conservador, de extrema Direita e com tendências totalitárias teria e tem imensas dificuldades de conviver com liberdades, incluindo a sexual, mas vemos exemplos de Governos conservadores pelo mundo (como os de países islâmicos) sem a sequência de bizarrices e casos psicanalíticos que este governo propicia. Quem acompanha os nomes do staff pelo Twitter percebe isso muito bem.
Portanto, o "nudismo nas universidades", que apavora o ministro que troca Kafka (o escritor tcheco) por Kafta (o espetinho árabe) e os bolsonaristas é apenas a materialização física do que eles temem: Liberdade em todas as vertentes, sexual, corporal, cultural, social e de pensamento, vide a paixão que têm pelo Escola sem Partido, que na verdade é a escola sem possibilidade de questionamentos.
Mas, com os protestos de alunos e professores começando a pipocar pelo Brasil é possível ainda sonhar com uma reviravolta no quatro, em um Governo que faz e recua, que parece refém de suas próprias limitações. Aí veremos que quem realmente está nu é o "Rei", ou melhor, o "mito" com a qual muita gente parece estar perdendo a paciência.