O ano é 2018 e a Globo ainda paga de isentona!
Natal, RN 24 de abr 2024

O ano é 2018 e a Globo ainda paga de isentona!

3 de julho de 2018
O ano é 2018 e a Globo ainda paga de isentona!

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Não bastou ter apoiado a ditadura – e criado o Jornal Nacional que servia de tranquilizante para o ditador Médici. Não bastou ter “errado” nos cálculos das eleições de Brizola em 1982. Não bastou ter ignorado a campanha pelas Diretas Já e até fingido que um dos atos teria sido em comemoração ao aniversário de São Paulo em 1984. Não bastou apoiar Fernando Collor com uma edição fraudulenta de um debate com Lula às vésperas das Eleições em 1989. Não bastou ter defendido publicamente o Golpe contra a presidenta Dilma em editoria do jornal O Globo em 2016. Agora a Globo quer preservar a isenção jornalística censurando as opiniões dos seus “colaboradores” na internet.

Desde ontem, os princípios editoriais da TV Globo ganharam uma seção específica que trata do comportamento dos jornalistas do grupo nas redes sociais na internet – Twitter, Facebook, Instagram e quaisquer outras que existam ou venham a existir! As mudanças foram divulgadas em uma carta assinada pelo presidente do conselho editorial do Grupo Globo João Roberto Marinho. O texto é bastante revelador da capacidade da Globo em perceber e noticiar a realidade ao reduzir todo o debate em torno do tema e chegar a conclusão de que “na balança entre o bem e o mal, nós acreditamos que o lado bom das redes sociais supera o lado mau”.

Os jornalistas que atuam no grupo não podem mais emitir, em seus perfis na internet, opiniões político-partidária, apoiar candidaturas nem ideologias, ou tomar partido em temas polêmicos que venham a ser noticiados pelo grupo. Também não podem associar suas postagens à marcas ou empresas, nem positiva, nem negativamente. Tudo para não “comprometer a percepção de que o Grupo Globo é isento” (risos, muitos risos – desculpem, não pude me conter!).

Agora falando sério. A carta da Globo não traz grandes novidades. É comum que os jornalistas não se posicionem publicamente em temas políticos, polêmicas socio-culturais e até por suas preferências esportivas. É o esforço para garantir a tão oitocentista ideia de isenção. Para mim, seria mais honesto valorizar a pluralidade de nós seres humanos – que não somos nada isentos.

O fato é que grandes grupos de mídia no mundo fazem restrições à imagem pública dos seus profissionais – inclusive na internet, claro. É o caso da BBC e do New York Times. A grande diferença é que esses grupos construíram uma reputação e garantem a credibilidade de seu conteúdo editorial com uma cobertura equilibrada sobre a realidade e que garante aos seus leitores à percepção da diversidade e da complexidade do mundo.

E isso não se conquista às vésperas das eleições com uma carta mirabolante lançada aos quatro ventos e que joga toda a responsabilidade de manter a imagem isenta do grupo nas costas dos trabalhadores da notícia.

Pronto, falei!

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