O Parasita
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7 de fevereiro de 2020
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O ministro da Economia, Paulo Guedes, comparou funcionários públicos a parasitas durante uma palestra no Rio de Janeiro nesta sexta-feira (7), ao comentar as reformas administrativas propostas pelo governo. "O hospedeiro está morrendo, o cara virou um parasita, o dinheiro não chega no povo e ele quer aumento automático", declarou.

A afirmação foi dada durante palestra sobre o Pacto Federativo, na Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV EPGE).

Guedes afirmou que os servidores públicos já tem como privilégio a estabilidade no emprego e "aposentadoria generosa" e criticou o reajuste anual dos salários. Ele defendeu que a máquina pública não se sustenta financeiramente por questões fiscais. Por esse motivo, a carreira do funcionalismo precisa ser revista.

O ministro afirmou que sua crítica é compartilhada pelos brasileiros. "A população não quer isso [reajuste automático do funcionalismo público]. 88% da população brasileira é a favor, inclusive, de demissão no funcionalismo público", disse.

Em janeiro deste ano, uma pesquisa Datafolha indicou que 88% dos entrevistados acreditava que o funcionário público que não faz um bom serviço deve ser demitido. As informações são do G1.

"Nos Estados Unidos ficam quatro, cinco anos sem dar reajuste e quando dá todo mundo fica 'oh, muito obrigado'. Aqui o cara é obrigado a dar [reajuste] porque está carimbado e ainda leva xingamento, ovo, não pode andar de avião", disse.

Envio das propostas semana que vem

Guedes afirmou que as propostas de reforma administrativa serão enviadas ao Congresso na próxima semana. Segundo ele, há uma grande expectativa da parte do governo por uma tramitação rápida.

"O clima no Congresso é extremamente favorável [à reforma administrativa], ao contrário do nosso clima no ano passado quando nós chegamos com a Reforma da Previdência", comentou.

Já a reforma tributária, que está sendo elaborada pelo Executivo, "é um pouco mais complexa". Guedes destacou que ela deverá ser apresentada a um comitê conjunto, formado entre Câmara e Senado.

Com informações do portal Congresso em Foco

Reações

Políticos do campo progressista e entidades representativas de trabalhadores reagiram à comparação de Guedes. O ex-candidato à presidência da República Guilherme Boulos (PSOL) lembrou que o ministro da Economia é investigado por fraudes em fundos de pensões:

- Paulo Guedes chamou os servidores públicos brasileiros de parasitas. Um banqueiro investigado por fraudes em fundos de pensão. Acusando garis, professores, enfermeiras, bombeiros de parasitas. O cinismo não tem limite", disse

Sindicato dos Servidores Públicos Federais divulga nota de repúdio às declarações de Guedes

O Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo e Tribunal de Contas (Sindilegis) divulgou uma nota de repúdio. Leia na íntegra:

Mais uma vez o Sindilegis vem a público denunciar e repudiar, de maneira veemente, declaração de autoridade contra os servidores públicos. Desta vez as infelizes e ofensivas palavras utilizadas pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Em seminário sobre o Pacto Federativo, realizado nesta sexta-feira (7) pela Escola Brasileira de Economia e Finanças (FGV EPGE), o ministro comparou funcionários públicos a “parasitas” ao anunciar o envio da reforma administrativa ao Congresso Nacional na próxima semana.

Presente ao evento, o vice-presidente do Sindilegis, Alison Souza, condenou a postura do ministro e de autoridades públicas que, sucessivamente, têm atacado os trabalhadores. “É evidente o profundo desconhecimento de alguns agentes públicos sobre a qualidade do trabalho realizado pelos servidores – ou a imensa má fé com que tentam nos responsabilizar pela sua própria incompetência. O Brasil precisa de um ambiente equilibrado e propício aos negócios para se desenvolver. Manifestações como essa vão exatamente no sentido oposto. Nós, servidores, trabalhamos duro todos os dias para dar rumo a este País”, defendeu Alison.

Presidente do Sindilegis, Petrus Elesbão alertou que a postura do ministro e do Governo deixam claro que não há qualquer intenção de diálogo com o serviço público no que chamam de reforma administrativa. “O que fica bastante evidente, além da profunda arrogância e desrespeito pelos trabalhadores desse País, é que estão precarizando todas as relações de trabalho e tentando desmontar o Estado que existe para proteger o cidadão. A serviço e benefício de quem?”, questionou Elesbão. “Parasita é o sistema financeiro, protegido pelo ministro da Economia, que escraviza o povo brasileiro em benefício de meia dúzia de banqueiros”, afirmou o presidente do Sindilegis.

O Sindicato já acionou seu corpo jurídico para avaliar as medidas judiciais cabíveis contra os insultos do ministro.

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