O petróleo não é mais nosso!
Natal, RN 16 de abr 2024

O petróleo não é mais nosso!

28 de outubro de 2021
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Quando um motorista da norte-americana Uber te diz que o culpa dos contínuos reajustes da gasolina é dos governadores, eximindo o Mandrião porque “ele não é dono da Petrobrás”, percebemos o quanto chegou nosso nível de degradação. A vítima retirando a culpa do seu agressor e apontando o dedo para outra.

Nos sites da extrema-direita, nas falas dos liberais de proveta, nas homilias dos pastores e nas postagens dos “especialistas de facebook”, aplica-se o discurso de Goebbels de que toda mentira reproduzida incansavelmente, torna-se verdade: se os governadores baixassem seus ICMS, o preço da gasolina baixaria.

Tal sandice acaba se espalhando e como o tal senso comum, produzido pelo cotidiano, é o que “cola” na cabeça das pessoas, os que sentem diretamente o impacto do aumento dos preços de combustíveis encontram rapidamente seus algozes e muitos já abraçam a ideia de Bolsonaro, que é a de privatizar a Petrobrás S.A.

Para as pessoas do “dia a dia”, quem define o preço da gasolina é a Petrobrás e, por isso, se ela for privatizada, acabara a “mamata do governo” e os preços tenderão a cair pois haverá uma abstrata concorrência no “mercado de combustíveis”. É tanto disparate que as pessoas acabam acreditando que existe um “chupa-cabra” que rouba o precioso líquido que movimenta toda a cadeia produtiva brasileira, impactando nas nossas vidas.

Nos últimos 12 meses a gasolina aumentou 33,3%, enquanto a inflação bateu 9,7%. E nesta segunda (25), a gasolina aumentou 7,0% e o diesel 9,2% e o preço, para desespero de quem utiliza esses dois combustíveis como parte do seu trabalho, passou, no caso da gasolina, os R$ 7. E o tal “consumidor” um ente abstrato criado pelos liberais para transformar o cidadão em mero variável de cálculo, vê o que o seu algoz quer que ele veja.

As explicações diárias, nos meios de comunicação, ressaltam que a alta é decorrente da desvalorização cambial e aí o motorista da Uber, que tivesse um pouco mais de atenção perguntaria: e nossa gasolina é vendida em dólar? E o Real?

E tem mais, meu caro “uberista”, com o reaquecimento da economia, pós-pandemia, no mundo, o preço do barril de petróleo voltou a crescer. E o “uberista”, assombrado, ainda fica perplexo: o que tenho a ver com o que ocorre com o preço do barril de petróleo? Antes não se produzia barris de petróleo?

Os que buscam culpar os governadores porque deveriam baixar o ICMS, escondem ou esquecem, que a alíquota desse imposto pouco mudou nos últimos anos, portanto não pode ser a “variável de impacto”. Longe disso.

E se houvesse uma redução do ICMS para “atender” os anseios dos bolsonaristas, os Estados ficariam descapitalizados, pois é esse imposto que permite que se viabilize muitos serviços públicos, principalmente para aqueles que não são proprietários de automóveis, que são moradores das periferias e que são os “desterrados do mercado”, dependente desses serviços. Baixar o ICMS é atacar diretamente o pobre.

O “uberista”, se puxar um pouco pela memória, relembrará que foi no governo Temer que a Petrobrás mudou a forma de vender o petróleo para as refinarias, que não são mais do Setor Público. Não lembra? Naquele fatídico ano de 2017, os preços dos combustíveis foram atrelados ao mercado internacional do petróleo. E muitos aplaudiram.

No governo Dilma, ele IMPEDIA reajustes dos combustíveis, através de uma política de preços feita pela Petrobrás, que era então uma estatal a serviço da nação, o que fazia a alegria de muita gente, inclusive porque era um tempo em que o Estado tinha importância no que se refere ao desenvolvimento da nação.

Hoje não é mais. É uma empresa comercial, no qual a União detém participação acionária. As decisões são tomadas em função dos ACIONISTAS e, portanto, a valorização da empresa é um pressuposto da sua ação. Nada mais do que isso.

Ao atrelar o preço do combustível às oscilações do mercado internacional do petróleo e as sujeição da política de câmbio (se é que exista), a Petrobrás hoje, dá munição para o governo do Mandrião encaminhar a sua privatização.

Simples assim.

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