“O sentimento da base é pela candidatura de Natália à prefeitura”, diz presidente municipal do PT
Natal, RN 24 de abr 2024

"O sentimento da base é pela candidatura de Natália à prefeitura", diz presidente municipal do PT

25 de abril de 2019

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O presidente municipal do PT Raoni Fernandes tem duas certezas sobre as eleições municipais de 2020. A primeira é que o Partido dos Trabalhadores terá candidatura própria em Natal. Já a segunda é que, se depender dele e do sentimento das bases do partido, a candidata da legenda será a deputada federal Natália Bonavides, que obteve em 2018 mais de 40 mil votos só na capital (112.998 no total).

Aos 31 anos de idade, Fernandes é o presidente municipal de partido mais jovem em atividade no país. O PT terá eleições internas no próximo ano, antes do pleito municipal que elegerá o sucessor de Álvaro Dias (MDB). Porém, é a gestão de Raoni quem conduzirá o processo até a pré-campanha.

Na avaliação do presidente municipal, uma eventual candidatura de Natália Bonavides teria o poder de alavancar também candidaturas de mulheres e jovens à Câmara Municipal de Natal, o que fortaleceria a base do PT na Casa, onde possui apenas dois vereadores, Divaneide Basílio e Fernando Lucena.

- Não tenho conversado com Natália sobre isso e havendo necessidade o partido fará prévias, mas seria incoerente dizer a você que o sentimento da base do partido não é pela candidatura da Natália (Bonavides). Não só da base do PT como de uma parcela significativa da cidade, até porque é um grande quadro. Ela tem condições não apenas de ser prefeita de Natal, mas de jogar a campanha para cima, de animar a militância, de incentivar a candidatura de mais vereadores, de jovens, de mulheres... o sentimento é esse. O sentimento que ferve na base é por uma renovação e só o fato de Natália ter tido 40 mil votos seria ilusão colocar para você de que haveria outro sentimento nas bases do PT.

As recentes declarações do ex-deputado estadual Fernando Mineiro (PT) de que não colocaria mais o nome à disposição para a eleição municipal aumentam a expectativa sobre o nome de Natália Bonavides, que desconversa sempre que questionada sobre a possibilidade.

- O sentimento da base é também de que Mineiro deveria estar administrando Natal agora e não tenho dúvidas de que seria o melhor prefeito dessa cidade. Mas infelizmente bateu na trave. Não acho que seja um fato consumado (Mineiro não disputar), mas pelo que ele mesmo já declarou acho difícil mudar de ideia.

As aproximações do prefeito Álvaro Dias com a governadora Fátima Bezerra indicam também que o MDBista busca estreitar o diálogo com a principal liderança petista no Rio Grande do Norte, de olho em 2020.

Raoni não acredita que o PT vá abrir mão de uma candidatura própria e vê os passos de Álvaro Dias na direção petista de forma calculada:

- Álvaro Dias está percebendo o crescimento de Fátima no Estado pós-eleição, o que historicamente não acontece com os gestores eleitos. Os recentes governadores passaram por um processo impopular. Não é poupa coisa colar nela. A prefeitura de Álvaro está em disputa. Tem gente da base de Carlos Eduardo Alves ainda, tem pessoas novas, atores com caráter mais técnico e secretarias truncadas. Não dá para dizer que a gestão de Álvaro tem perfil progressista, parece que não tem uma linha política. E essa aproximação também tem uma característica da própria cultura política de tentar construir um ambiente de W.O, de não ter alternativas a eles. E isso está totalmente fora de cogitação. Não dá para uma cidade como Natal não ter nomes no setor progressista. Falo com muita tranquilidade. Não tem cabimento do PT se furtar de fazer um debate progressista para a cidade. E uma candidatura de Álvaro não sinalizaria nesse sentido.

“O tamanho do PT na Câmara não condiz com a representatividade do Partido na cidade”

Raoni Fernandes é o presidente municipal de partido mais jovem em atividade no país

Uma eventual eleição de Natália Bonavides, na visão de Raoni, contribuiria para ampliar a bancada petista na Câmara Municipal. Questionado sobre o número de vereadores que o partido almejaria eleger em 2020, o presidente municipal do partido desconversa. Mas destaca que o tamanho do PT na Casa está muito aquém do tamanho da legenda fora da CMN:

- Vamos construir uma nominata que possibilite ampliar as cadeiras na Câmara. Hoje é notório que o PT é respeitado, mas que o tamanho do PT na Câmara não condiz com a representatividade que o PT tem na cidade. O PT tem protagonismo e ter apenas duas cadeiras de 29 é muito pouco para a repercussão da pauta politica defendida pelo Partido na cidade. Mas essa ampliação não depende só disso (eleição majoritária). Depende de pauta, discurso, depende de estratégia, da forma como a gente conversa e convence a população”, comentou.

O PT só ultrapassou a marca de dois vereadores na Câmara Municipal no início do ano 2000, quando Fernando Lucena, Júnior Rodoviário e Olegário Passos foram eleitos pela legenda. Atualmente, apenas Divaneide Basílio e Fernando Lucena representam o Partido na Casa. A eleição de 2020 será especial porque é a primeira após o Tribunal Superior Eleitoral proibir os partidos de formarem coligações para a disputa. É uma mudança significativa no processo eleitoral, o que torna a eleição majoritária ainda mais importante, aponta Raoni:

- É importante que a gente entenda essa mudança. E é aí onde entra a importância da tática da eleição majoritária. Se não há coligação proporcional, a majoritária se torna ainda mais importante. Estamos deflagrando a construção de uma candidatura. Se não entendermos (as novas regras) podemos ser pegos de surpresas e encontrar candidatos dentro do nosso raio de atuação. Há uma mudança razoável. Na última eleição (2016) o PT não coligou com outros partidos e os partidos já estão se organizando para construir suas nominatas. Os partidos tradicionais, por exemplo, já começam a montar suas candidaturas a partir das lideranças tradicionais dos bairros.

Questionado se o Rio Grande do Norte, historicamente dominado por oligarquias, e Natal, que tem um eleitorado de perfil conservador, comportariam duas administrações petistas, ele usou o exemplo do próprio Partido para acreditar numa eleição majoritária:

- Se você me fizesse essa pergunta há seis anos me indagando se eu acreditaria que o PT pudesse eleger uma senadora, eu diria uma resposta parecida como essa que você disse... falaria da cultura oligárquica do Rio Grande do Norte, mas por uma grata surpresa o Estado tem se mostrado contrário à essa cultura. Derrotamos oligarquias na eleição anterior, no Senado, para o Governo... elegemos uma governadora, uma senadora de dialogo com movimento sociais, elegemos dois deputados federais, embora tenham retirado o mandato de Fernando Mineiro no tapetão. E a cidade e o Estado tem dado respostas. Concordo com temos um Estado conservador, mas a própria gestão do Bolsonaro está mostrando que precisa ter conteúdo, não é oba oba. As pessoas estão comparando o governo federal com o estadual. A importância que a Fátima dá à questão popular, social... as pessoas percebem. E esse tipo de comparação acaba ajudando na construção de uma cultura progressista.

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