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23 de dezembro de 2019
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Um jogo de igual para igual. Uma equipe montada dentro da temporada, que ainda teve troca de técnico para atrapalhar, encarou de cabeça erguida, melhor inclusive em alguns bons momentos da partida, uma potência campeã da Europa, líder da Premier League, primeiro de seu grupo na Liga dos Campeões, milionária agremiação de jogadores entre os mais caros do mundo. Não é para se comemorar?

Encarou olho no olho, bola por bola, um grupo de atleta que joga junto tem mais de dois anos e com um treinador - Jürgen Kloopp - que os dirige há mais de quatro temporadas e com uma estrutura que não precisa descrever. Precisa dizer mais do orgulho que me deu ser brasileiro, acreditar, apostar, gritar, defender a bola que o Flamengo vem jogando e acreditar que ele chegaria?

Querem números para não ficar de balela? Também são surpreendentes para a turma que é do time de São Tomé. Foram 18 chutes com Liverpool contra 15 do Fla, normal, seis a três dentro do gol. E a posse de bola? Maior, acreditem, foi do time carioca - 53 a 47%. Mais passes - 671 a 601 -, mais precisão do passe - 82 a 80%, cometeu mais impedimentos e cobrou mais escanteios. Vale? Vocês gostam de estatísticas.

Bom, agora, vou falar de atuações. Nem quero saber se vão dizer que Rodrigo Caio falhou, sim, normal num jogo intenso, jogou demais no balaio. Viram! O Diego Alves fez uma defesa difícil. Não, não vou analisar tudo, apenas quero acrescentar que os criadores do Flamengo nem estiveram nos seus melhores dias.

Já pensaram se Gerson, disperso, De Arrascaeta, bem só no primeiro tempo, e Everton Ribeiro, combativo, mas pouco criativo, no que é o seu forte, tivessem apresentado o futebol que costumeiramente nos brindam, como teria sido complicada a vida do melhor do mundo Van Dijk, Allison e sua turma? Mesmo sem o melhor dia de jogo desses que citei, o Bruno Henrique, monstro, ainda fez um "salseiro" danado por lá.

Gente, eu não sou maluco. Sou maluco por futebol, mas enxergo um pouquinho. Minhas fichas todas no Flamengo porque eu sabia o que essa equipe maravilhosa poderia render, mesmo diante dos tantos pontos altos, inegáveis, do time de Salah. Ah, se Everton Ribeiro e Gerson tivessem repetido as suas melhores jornadas. Sempre o "se" no futebol. Eu levo sim em consideração.

As últimas semanas, desde antes da final da Libertadores, Brasileiro e Mundial de Clubes, têm sido de muita tensão. Criei muita expectativa e, diria, acreditava piamente que o Flamengo poderia chegar. Eu tinha certeza que a equipe que fez tantos belos jogos, verdadeiros shows do que é a essência do futebol brasileiro, contra equipes imensas, como Grêmio, Palmeiras e Santos, não iria me decepcionar, aliás, como não decepcionou. O reconhecimento da torcida, mais importante, e da imprensa mundial comprovam e aprovam o que foi feito em campo.

O pessoal da torcida "arco-iris", a turma com complexo de vira latas achava que o Flamengo não tinha força para enfrentar um mero Ríver Plate. Confesso que sofri, mas acredito que estava certo, o que é muito relativo, pois vai ter gente dizendo que não foi assim, e bla´, blá, blá...O Flamengo, nosso rubro-negro, encarou de igual para igual o campeão da Europa, perdeu no detalhe, porque, numa partida de futebol, ainda mais nesse nível, é sempre assim. Aqueles que gravaram placares elásticos, goleadas de 4 a 0, 5 a 0, tenho certeza, vão "colocar suas violas no saco", ou não.

Contra o Ríver Plate, sem se encontrar muito em campo, sem o brilho de algumas de suas principais peças, quando funcionou a todo vapor em alguns minutos, o time de maior torcida do Brasil (contra e a favor), despachou os argentinos mostrando a imensa superioridade. Veio o Al Hilal, e a mesma turma que citei acima começa a falar do Internacional, do Atlético Mineiro, do Atlético Nacional da Colômbia e até do Ríver Plate, equipes que não chegaram à final batidos por clubes de menor expressão, pelo menos de nome, sugerindo que o mesmo poderia acontecer de novo. Desta vez, não! Com esse Flamengo, nunca!

Eu vi o jogo todo deste sábado. Encantado. Nada anotei, deixei que o meu sentido me guiasse, e o que posso falar é que como estava errado quando o Flamengo anunciou Rafinha, Filipe Luís, Gabigol (tinha uma impressão péssima por conta da seleção olímpica e nem mesmo no Santos ele me convencia, à época) e De Arrascaeta.

Zombei. Já falei em outros textos, o quanto que Rafinha e Gabigol, principalmente, me fizeram "queimar a língua". O Brasil no topo do mundo. O brasileiro com orgulho de sua equipe, vendo-a atuar de igual para igual, criar oportunidades, ter mais posse de bola, não se encolher, mandar, definitivamente, às favas, esse complexo de vira latas que tanto mal no causa.

Obrigado, Flamengo. Você me fez feliz, pois mesmo que muitos continuem a teimar sobre essa absurda supremacia da Europa sobre o Brasil, eu reafirmo: melhor do que a gente somente na organização. Bola por bola, essência do futebol, continuamos em primeiro. Que a lição do Flamengo possa ser copiada por vários outros clubes do Brasil, se bem, sabemos, CBF, federações, mentalidade de alguns dirigentes, de parte da imprensa, e até mesmo de muitos jogadores, nunca vai mudar.

As manchetes dizem que o Flamengo resgatou o orgulho do futebol brasileiro, e até, vejam só, da América do Sul.

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