A Ong Repórter Brasil, veículo de mídia independente reconhecido e premiado internacionalmente pela produção de reportagens abordando denúncias contra crimes ambientais e o combate ao trabalho escravo no país, vem sendo alvo de uma série de ataques e ameaças nos últimos dias. Os invasores ainda não identificados exigem que reportagens sejam apagadas do site, num claro atentado à liberdade de imprensa e de expressão.
Os ataques começaram de forma sistemática a partir de 6 de janeiro e ainda não cessaram. Vários jornalistas e organizações de imprensa já se manifestaram em solidariedade ao veículo, além de exigir a apuração do crime:
“Após uma série de ataques conseguir derrubar o site por algumas horas no dia 6 de janeiro, a organização recebeu um e-mail anônimo: “Como devem ter percebido vcs passaram por alguns problemas tecnicos na ultima data. Para que isso nao ocorra novamente removam as materias nas pastas de 2003, 2004, 2005 (sic)”. Como a Repórter Brasil não atendeu, nem atenderá nenhuma tentativa de constrangimento ilegal, ainda mais uma que represente autocensura, os ataques continuaram”, informou o veículo aos leitores do portal.
As intimidações chegaram a partir para a ameaça física. Uma tentativa de invasão na sede da Ong, em 7 de janeiro, foi registrada.
“Por conta da chegada de vizinhos, o arrombamento do portão não pode ser consumado, mas ele terá que passar por reparos. A segurança foi reforçada. Com a ajuda de nossos advogados, foram realizados boletins de ocorrência na Polícia Civil de São Paulo. E estamos comunicando o Ministério Público Federal, entre outras instituições competentes, e acompanharemos de perto o desenrolar das investigações”, diz a matéria revelando a denúncia.
O veículo informa que não é possível afirmar quem está por trás dos ataques. No entanto, dia 4 de janeiro, a Repórter Brasil publicou investigação jornalística sobre a cadeia produtiva do trabalho análogo ao de escravo na pecuária bovina, que teve grande repercussão fora do país.
“Se, por um lado, ataques como esse são a prova da qualidade de nosso jornalismo, por outro são um alerta a outros veículos de um novo tipo de assédio: a censura através de violência digital”, disseram.