Oposição de “faz de conta” dorme de olho aberto na PEC da Previdência
Se os servidores estaduais colocam fé na Oposição ao governo Fátima para barrar a Reforma da Previdência estadual na Assembleia Legislativa é melhor mudar a estratégia. Nos corredores da Casa, muitos gritos e poucas ações.
A oposição ao governo petista, que historicamente foi da base do Governo, sempre cobrou uma reforma na Previdência em nível estadual. Antes mesmo de ser obrigatória, como agora, e especialmente quando a conta do caos financeiro chegou, a partir do governo Rosalba. Portanto, por coerência ideológica, a oposição raiz vai espernear, mas votará em bloco na PEC que altera as regras nas aposentadorias.
Um exemplo desse posicionamento é a dificuldade que o deputado Sandro Pimentel (PSOL) vem enfrentando para conseguir as oito assinaturas para protocolar quatro emendas na comissão especial da Previdência.
Da bancada governista é de se esperar que ninguém assine emenda para preservar o projeto original do Executivo o que, aliás, é uma orientação do Governo não endossar emendas a PEC. Mas nem os deputados de oposição estão querendo se expor.
Até o início da manhã desta terça-feira (10), Pimentel só havia conseguido cinco das oito assinaturas necessárias e precisa convencer mais três deputados até sexta-feira (13) para que as propostas sejam analisadas pela comissão, o que também não garante que sejam acatadas em razão do governo dominar por inteiro a comissão.
Nos bastidores, oposicionistas não demonstram preocupação com o reajuste de alíquotas para ativos e aposentados nem com os eventuais efeitos eleitorais. Um parlamentar chegou a comparar o legislativo estadual com o federal, lembrando que hoje ninguém lembra mais os deputados federais que votaram a favor da reforma da Previdência do governo Bolsonaro, aprovada em julho de 2019 pelo Congresso.
Lavar as mãos no caso da PEC da Previdência não significa, no entanto, o silêncio absoluto. O preço cobrado pela Oposição mira o desgaste pessoal da governadora Fátima Bezerra. O tom das críticas aumentou após o Governo não abrir mão nem da relatoria nem da presidência na comissão.
O jogo é também contra o tempo. Há deputados da comissão especial que defendem antecipar o envio da pauta para plenário antes dos 30 dias previstos no regimento.
A comissão volta a se reunir dia 17 de março.
Por enquanto a oposição é de faz de conta, mas dorme de olho aberto.