Os craques que ficaram
Natal, RN 29 de mar 2024

Os craques que ficaram

18 de janeiro de 2021
Os craques que ficaram

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Sem encontrar para definir, escrevinhar fielmente meu horror e ojeriza ao que vem acontecendo no Brasil de Bolsonaro, me recolho, tento acalmar minha indignação, voltando para a minha praia, falando de futebol e prestando homenagens aos atletas, estrelas da bola, não nascidos em Natal, no RN, que por aqui aportaram, casaram, outros já casados se estabeleceram, por isso vou aliviando minha alma lembrando deles.

Uma seleção fantástica, sem dúvida. Começo com dois goleiros maravilhosos. Um deles, andarilho, esteve em vários cantos do Brasil. Aqui em Natal ficou, foi escolhido atleta do século na sua posição no time do ABC, o grande Hélio Show, natural do Ceará, que hoje é bugueiro aqui em Natal, desfilando sobre as dunas de Genipabu e outras praias.

O outro é meu querido amigo gaúcho César Augusto, cria do Grêmio, veio para Natal no início dos anos 1980 defendendo o América, e por aqui foi ficando. Campeão em América e Alecrim, aliás, com quem tive a honra de jogar e me tornar amigo na conquista de um bicampeonato histórico 1985/86.

O lateral Ivan Silva. Quem não se lembra desse carioca que veio do Madureira, meados dos anos de 1970 e nunca mais foi embora. Foi até árbitro, treinador e presidente da nossa AGAP quando parou de atuar. Nos deu a honra de adotar Natal. Outro lateral por aqui foi ficando, o baiano Luiz Antônio, Barril, jogou em todos os grandes de Natal.

E esses zagueiros, meus amigos? O Dr. Edson. pernambucano, eterno capitão do ABC. Veio do Náutico e por aqui fez história e família, casando com  minha querida amiga Edna, tia de minhas primas Giovana e Adriana.

Luiz Carlos Scala, gaúcho, beque central respeitado no mundo da bola que só não foi à Copa do México, a do tri, porque se contundiu seriamente. Era nome certo. Veio para Natal, se tornou ídolo do América e também plantou suas sementes por aqui. Scalinha, um de seus filhos, se tornou um dos maiores craques de futsal de sua geração. Que honra a nossa.

Na esteira desses grandes nomes, ficaram pertinho de nós o Gambeu, acho que paraibano, grande jogador do ABC; o pernambucano Ivan Xavier, ídolo da torcida do Alecrim, tendo atuado em outros de nosso Estado.

Dos mais recentes, Gilberto De Leon, craque de bola que veio do Rio de Janeiro, cria da base do Botafogo. Por aqui foi ficando,  acabou se sagrando bicampeão no Alecrim na minha época, depois jogando em vários clubes do Nordeste, e hoje fixou residência em Mossoró. Também na capital do Oeste resolveu permanecer outro grande nome de nosso futebol. Romildo "Mão de Pilão", ponta esquerda, bicampeão também no Alecrim, ele que veio da Paraíba, da cidade de Pirpirituba, brilhando muito nos clubes mossoroenses.

Passando pelo meio-campo eu faço questão de registrar o Afonsinho, volante, baiano craque de bola. Depois do Bahia veio brilhar no América e por aqui se radicou. Mora na Cidade da Esperança.

E esses caras que vou citar agora, será que alguém vai esquecer um dia? Nunca! Djair Pacheco Duarte, Danilo Menezes e Alberi José Ferreira de Matos, Valdeci Santana, Hélcio Xavier, Marinho Apolônio, astros da bola, reis do talento, mesmo passadas décadas e décadas esses craques ficarão na memória de nossa gente.

Didi, gaúcho, foi ídolo de Portuguesa, Sport, Atlético Paranaense até que veio para o América, depois Alecrim, tendo brilhado também como treinador. Meu querido companheiro de Verdão. o homem que me "controlava" para que não fosse expulso.

Alberi, pernambucano, tinha como destino se tornar o maior ídolo da torcida do ABC. Foi Bola de Prata em 1972, atuou em outros clubes, inclusive no rival América, mas é o deus da Frasqueira, seu nome está no Centro de Treinamento do alvinegro.

Hélcio Xavier, carioca, brilhava no Bangu, depois deu show no Ceará, e se tornou o deus da massa rubra em Natal. Falecido, criou seus filhos em Natal. Além de jogar, depois, o "Jacaré" iniciou promissora carreira de técnico interrompida pela doença que o vitimou.

Valdeci Santana, ídolo eterno do Botafogo de João Pessoa, foi contratado pelo Força e Luz nos tempos de "vacas gordas", se empregou na Cosern, deu shows e mais shows em nossos campos (tive a honra de jogar ao seu lado no Forcinha), ainda participou da fantástica excursão do ABC à Europa, Ásia e África. Parou de jogar e quando se aposentou da empresa foi morar, de novo, em sua João Pessoa, mas sua família teve ramificações aqui.

O querido Marinho Apolônio, que muita gente vê nas peladas da Praia do Meio é o mesmo que brilhou no Bahia e teve seu nome cotado para a seleção. Antes, no começo dos anos 1980, derramou seu talento, marcou seus inúmeros gols por aqui com as camisas de ABC e América. É bom demais ter esse cracaço como conterrâneo, podemos chamar assim.

Vou falar neste parágrafo de um trio de "monstros" já falecidos. Todos eles fizeram a opção por ficar morando em Natal após o encerramento de suas carreiras. Soares, Jorge Demolidor e Morais.

O primeiro veio de Recife para o ABC, acho que do Sport; Em 1972 encantou o mundo do futebol 'entortando' os pobres laterais do Brasil, entre eles Fidélis, Eurico, Getúlio e outros. Chegou a ser contratado pelo Botafogo/RJ, mas não se adaptou e voltou para Natal, tendo defendido outros clubes, entre eles o Alecrim, numa época em que fui seu companheiro.

Demolidor, carioca, lembro bem do dia em que foi marcada sua apresentação, não para a imprensa, como é hoje, mas para a torcida, em campo de jogo, num coletivo do JL. Milhares de pessoas tomaram a Hermes da Fonseca em frente ao estadinho do Tirol naquela tarde memorável. Jorge marcou época com seus gols, também casou em Natal e morou até seu falecimento.

Morais. Grande ponta esquerda. um motorzinho de talento que fez história num timaço de 1973, tetracampeão do ABC. Depois, residindo em nossa capital, criou seus filhos, sua família, trabalhando como taxista, pessoa de um trato maravilhoso. Cheguei a conhecer um de seus filhos, que estudava na ETFRN,até jogava na seleção, depois perdi o contato.

E esse outro, será que cabe na lista?  Noezinho Soares, o Macunaíma, de linda história no ABC, anos 70/80, gols inesquecíveis, um coringa de alto nível. Ele não foi  mais embora de nossa cidade e se tornou formador de talentos de um belo trabalho na AABB, iniciado pelo professor Francisco Carlos, o Cacau.

Por aqui fixaram morada  também ídolos como Santa Cruz, Santinha, carioca, rei dos gols de cabeça; Figura ímpar, humilde, decente, profissional, depois funcionário do Detran e ainda marcando presença, lembro bem dos jogos do Campeonato do Satélite, seu bairro.

Claro, que posso colorir essa relação de talentosos atletas com Marco Pintado, destaque do Alecrim, pernambucano que atuou em vários clubes do Nordeste e hoje tem um belíssimo trabalho de revelação de valores. O seu time é o Natal FC.

Merece minha homenagem e de todos que gostam de futebol, creio,  o craque pernambucano Moura. Talvez seja ele o "monstro sagrado", último dos últimos a decidir por fincar raízes em nossa cidade, pois é oriundo dos anos 90, se tornou ídolo do América, depois foi funcionário, treinador, injustiçado, mas continua morando perto da gente.

Encerro fazendo um exercício de matemática: quem de vocês conseguiria avaliar quanto precisaria pagar em euros, dólares para ter em sua equipe essa listinha que acabei de passar? O futebol do RN agradece a todos eles.

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