Os mistérios guardados no bolso
Natal, RN 26 de abr 2024

Os mistérios guardados no bolso

4 de fevereiro de 2019
Os mistérios guardados no bolso

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Você sabe tudo o que acontece no seu celular? Conhece o funcionamento do aparelho? Saber ajustar as configurações? E os aplicativos? Será que você sabe como cada um deles funciona e quais das suas informações pessoais ele pode ter acesso? Se você respondeu não para alguma dessas perguntas, pode ser uma boa hora para repensar o seu uso do aparelho.

Os smartphones transformaram nossa relação com o cotidiano e é cada vez mais difícil imaginar a vida sem os aplicativos. Em um só aparelho, dá para conversar, ver notícias, ouvir músicas, pagar contas e gerenciar finanças, encontrar um meio de transporte, encontrar um caminho, ouvir rádio, assistir televisão, fazer fotos e vídeos, pedir comida, fazer compras… é tanta coisa, que não cabe em um parágrafo.

É tudo tão fácil, intuitivo, bonito. Nem é preciso pensar muito. Em três ou quatro cliques, tudo se resolve. O que antes exigia esforço físico, concentração, reflexão, agora flui naturalmente em um simples deslizar de dedos. E em um único aparelho.

E aí vem você e me diz que não sabe o que se passa logo ali no seu bolso, na palma sua mão, ou por trás da tela do navegador onde você está lendo o Saiba Mais agora, por exemplo.

Agora é a hora que muitos de vocês vão me chamar de paranóico, outros vão se orgulhar por não terem nada a esconder e, alguns poucos, vão me acusar de ser um comunista de iphone. Mas aposto que todos vocês vão considerar arriscado sair por aí pilotando um avião sem qualquer curso de pilotagem.

Parar para pensar no que rola entre o seu tão querido aparelho e as empresas controladoras dos principais aplicativos, pode mesmo gerar algum grau de paranóia. Se você soubesse o que tem escrito nos contratos de uso dos aparelhos e nas políticas de privacidade – que ninguém lê, nem eu – certamente ficaria estarrecido com o volume de dados que são coletados e enviados às empresas – muitas vezes, com a promessa de um pouco provável anonimato.

Mas tudo bem para você que não tem nada a esconder. Talvez seja o caso de verificar as permissões dos aplicativos. Não vejo problema em um aplicativo bancário ter acesso à câmera do celular para ler o código de barras do boleto. Mas por que esse mesmo aplicativo quer ter acesso à minha lista de amigos e controlar as chamadas telefônicas? Tem até aplicativo de lanterna pedindo permissão para ter acesso a sua agenda de contatos.

E tem aplicativos até mais ousados. O Uber anunciou recentemente que passaria a coletar as informações do GPS por até cinco minutos depois de encerrada a corrida. O que quer dizer que essa grande empresa estrangeira e com um código de ética bem flexível sabe onde fica minha sala do prédio onde trabalho, a localização exata da porta do meu apartamento, as coordenadas do consultório médico ou até por qual sessão eu começo a fazer as compras no supermercado.

Tudo bem, já entendi que você não tem nada a esconder. Mas realmente não te incomoda saber que essas informações estão guardadas não se sabe onde e que podem ser vazadas em um ataque cibernético, por exemplo? Se essa realidade te parece muito distante, talvez seja bom repensar antes de acessar o seu banco pela rede wifi do shopping. Afinal, os hackers podem estar espionando a rede em busca da sua senha do banco – afinal, essa é uma das suas coisas que você realmente deveria esconder.

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