Para Bolsonaro, questão do Enem “supervaloriza” LGBTIs
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Para Bolsonaro, questão do Enem "supervaloriza" LGBTIs

5 de novembro de 2018
Para Bolsonaro, questão do Enem

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O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) segue ignorante da realidade dos LGBTIs. Em entrevista concedida nesta segunda-feira (5) a Datena, no programa Brasil Urgente, ao comentar a prova do Enem realizada no final de semana, disse que “não podemos supervalorizar questões de minorias” e que esse tipo prova deve abordar temas da cultura nacional.

“Uma questão de prova que entra na ‘dialética’, na linguagem secreta de gays e travestis não tem nada a ver, não mede conhecimento nenhum, a não ser obrigar pra que no futuro a garotada se interesse mais por esse assunto”, disse afirmando que houve uma reclamação “de todo mundo” sobre os temas abordados na prova e que é necessário cobrar conhecimentos úteis à sociedade.

Ele se refere à questão da prova de Linguagens que abordava um dicionário criado para o vocabulário usado por gays e travestis. O enunciado pedia que os candidatos “decodificassem” o que era dito. “Nhai, amapô! Não faça a loka e pague meu acué, deixe de equê se não eu puxo teu picumã! Entendeu as palavras desta frase? Se sim, é porque você manja alguma coisa de pajubá, o ‘dialeto secreto’ dos gays e travestis”.

“Parece que há uma supervalorização por parte de quem nasceu assim ou tem esse comportamento”, disse ao mesmo tempo que negou implicância com essa parcela da população.

“Você tem que cobrar aquilo que realmente tem a ver com a História do Brasil, tem a ver com a nossa cultura e não uma questão específica LBGT”, explicou o político, que já demonstrou não ter qualquer conhecimento em História. Em outra ocasião chegou a dizer que os próprios negros se entregavam à escravidão no Brasil e que os portugueses nunca foram até a África traficar escravos.

Informação

Para o futuro presidente do Brasil, questões de gênero não dizem respeito à cultura nacional e não interessa ou é útil à sociedade, mas a população LGBTI no Brasil é estimada em 20 milhões de pessoas (não levando em conta as pessoas intersexo). Ainda que a comunidade LGBTI considere o número subestimado, já que muitas pessoas optam por não declararem sua identidade de gênero ou orientação sexual, o número representa cerca de 10% da população nacional.

Em 2010, o IBGE descobriu que existem no Brasil ao menos 67,4 mil casais formados por pessoas do mesmo sexo (0,18% da população).

Segundo pesquisa feita pela ONG Grupo Gay da Bahia, a cada 19 horas, uma pessoa morre no Brasil vítima de LGBTfobia. O grupo também registrou um aumento de 30% nas mortes de LGBTs em 2017, quando 445 pessoas foram mortas, em relação a 2016, ano em que 343 mortes foram motivadas por LGBTfobia.

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