Paralisação do campeonato estadual
Natal, RN 25 de abr 2024

Paralisação do campeonato estadual

21 de março de 2021
Paralisação do campeonato estadual

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Estive em São Tomé na última sexta-feira, por isso não participei do Jornal 96 pela manhã. Fui à cidade onde nasci para acompanhar o enterro de uma tia querida, mais uma vítima da Covid-19. O sepultamento de uma mãe que as filhas, filho, netos, bisneto, não puderam ver e muito menos as pessoas  que ela, como ex-professora, mestra amada, conquistou com sua bondade e dedicação. Uma população entristecida que não pode velar sua filha e só acompanhou em carreata, vendo de longe um caixão lacrado receber a benção do pároco local, ser retirado por mãos estranhas do carro funerário e adentrar ao cemitério interditado. Muita dor.

Na mesma sexta-feira, já em Natal, me deparo com a notícia da paralisação do futebol por 15 dias. A cara de pau de um presidente da federação tirando o corpo de banda, colocando toda a responsabilidade na governadora Fátima Bezerra, que dá apoio para salvar da miséria esse mesmo campeonato chinfrim que ele está destruindo aos poucos, ao mesmo tempo que faz média se dizendo preocupado com a situação dos filiados.

Seria cômico testemunhar isso se não fosse trágico, não se configurasse uma total falta de sensibilidade e  descaso com a vida por parte de um dirigente que, faz tempo, afunda o futebol do RN enquanto sua FNF acumula lucros que, me parecem indevidos, já que é uma entidade sem fins lucrativos. Sim, José Vanildo da Silva, mais de 90% dos desportistas atestaram em pesquisa, é o cancro do nosso futebol. Isso foi comprovado em pesquisa recente em matéria do globoesporte local.

Como se não bastasse, a mesma lenga-lenga dos dirigentes de clubes que, diante do que está posto, e por conta do decreto que paralisa o "estadual rentável" por 15 dias, falam em desistir de continuar o certame, alguns até exageram e ameaçam fechar as portas. É muito disparate e pouco caso diante de mais de 290 mil mortes, quase dois mil por dia, semanas a fio;  insensibilidade de quem sabe, mas finge ignorar,  a situação dos hospitais de nossa cidade e Estado. Um total desprezo pela vida e trabalho dos profissionais de saúde que já não suportam mais dobrar e dobrar plantões para, impotentes, testemunharem mortes de pacientes, seres humanos que sucumbem sem sequer poder contar com a presença e conforto dos seus entes queridos como o caso de minha tia de São Tomé.

José Vanildo e dirigentes de futebol do RN procedem da mesma forma infame dos negacionistas que insistem em ignorar os sacrifícios da governadora Fátima Bezerra. Copiam os bolsominions de plantão que tentam achar culpados para uma a situação caótica que,  todos sabem, mesmo os mais dementes que o defendem, foi causada pelo seu genocida presidente Jair Bolsonaro, cuja demora em elaborar uma plano emergencial, adquirir vacinas, apoiar prevenção, seguindo o modelo dos países de de gestores civilizados deixou o Brasil chegar na situação insustentável de hoje.

Eu tenho vergonha dos dirigentes, quase todos, dos clubes de futebol do nosso Estado. Não vi uma voz se levantar em defesa da vida, ou, pelo menos em tom de cobrança para quem, de verdade, nesse momento de crise, de falta de dinheiro, tem, deve ter,  a responsabilidade de criar condições para que os clubes permaneçam treinando de forma virtual, que já se provou ser possível, além de dar a sustentação financeira desta quinzena. É o mínimo que podem fazer as entidades que, se não têm fins lucrativos, não faz sentido empacar os milhões arrecadados em caixa enquanto os filiados afundam?

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