Por Fátima Abrantes
A professora aposentada da rede estadual de ensino do Rio Grande do Norte Maria de Fátima Abrantes celebra o Dia Internacional das Mulheres com poesia e militância.
Poesia é luta
Toda mulher potiguar
Transporta no Rio Grande da sua história o mesmo arco e flecha de Clara Camarão
Batalha incessante pela igualdade, desde a aldeia Telecupapo!
Lá, onde bem mais aos Felipes, clarearam as glórias portuguesas.
E as contas do rosário assim quebrado
Caíram como folhas de uma rosa
Durante toda a vida,
durante toda a história
Pelos riscos, pelos rabiscos, pelos folhetos, pelos livros: registros do tempo
Mas basta-lhe a lágrima de um caeté de Nízia...
que rega e cresce Floresta!
Aí o mundo sente um cheiro bom do alecrim bento das quaresmas de Palmyra
Roseiras Bravas nessa procissão de poesia
nascida no borralho
que abre janela,
escancara portas, ganha as ruas,
os gabinetes, as universidades.
Força que enfrenta o horto da violência doméstica e da subserviência
Nascidas e enraizadas no sutil discurso
da fragilidade conveniente
Igualzinho o rosário esfacelado de Auta de Souza.
Da colher de pau à ponta do lápis,
da palavra ao sabor da certeza
de que o sexismo já não é tão imperador
nem tampouco servo
A força da mulher navega
e toma rumo até hoje sobre as águas correntes
do secular potengi
Com mais vontade, com mais remos, com mais coragem...
Porque dá vida,
porque merece,
porque sustenta,
porque aprende,
porque ensina,
porque põe fé nos sonhos
e embala o mundo.
Muita água já passou por essa ponte
Muita água há de passar por essa ponte...
Das três caravelas Santa Maria, Pinta e Nina
Quando apenas nomes avistaram o novo mundo
Sob o comando e olhar do colonizador
Ao mundo novo de agora
onde milhões de jangadas de proteção
já singram em direção ao mar dos seus direitos. Direito de navegar e escolher os seus próprios rumos.
Mas o que conta em nós é mesmo o rio
Correndo na memória com seu jeito de rio, sua boca chã de rio
A força de ser rio e ser caminho de rio...
de Zila, de todas nós.
Romanceiras dos Rios Preto, branco, amarelo, encarnado, de todas as cores...
militância, militantes, Militanas!
* Fátima Abrantes é professora aposentada da rede estadual de ensino do RN