Policiais desabafam sobre “estrutura de faz de conta” no RN em debate sobre Segurança
Natal, RN 28 de mar 2024

Policiais desabafam sobre "estrutura de faz de conta" no RN em debate sobre Segurança

20 de setembro de 2018
Policiais desabafam sobre

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Uma política de segurança de mentira implementada por um governo de mentira e opressor. Esse foi o resumo do desabafo coletivo de policiais e agentes de segurança do Rio Grande do Norte que participaram nesta quinta-feira (20) do Chame Gente, roda de conversa promovida pela campanha da vereadora Natália Bonavides (PT), candidata à deputada federal.

Estudantes, professores, profissionais liberais, representantes de movimentos sociais, cientistas, policiais e agentes lotaram a Casa da Democracia, comitê de campanha da petista, para discutir alternativas para a política de segurança pública do Estado e do país. O debate foi transmitido ao vivo pelas redes sociais da parlamentar.

Participaram do debate como convidados o neurocientista e militante pela legalização das drogas Sidarta Ribeiro; a historiadora, militante LGBT e também pela legalização das drogas Leilane Assunção; o membro do Movimento Policiais Antifascismo Dalchem Viana, além da militante do Levante Popular da Juventude Mara Farias.

Durante o evento, o Movimento de Policiais Antifascistas lançou um manifesto. Na abertura, Natália Bonavides classificou o próximo dia 7 de outubro como “a eleição das nossas vidas”. Na visão dela existem dois projetos em disputa em que o campo progressista, na verdade, luta para defender a própria vida.

- (O nosso) é o projeto das mulheres, dos negros, LGBTs, pessoas tratadas como não sujeitos, como vagabundos. Essa é a eleição das nossas vidas, estamos lutando para defender as nossas vidas. Nossa responsabilidade nessa conjuntura é enorme. E não poderíamos deixar de debater o tema da Segurança Pública nessa campanha. O que é o tema da guerra às drogas para a população pobre e negra desse país ? Há um extermínio em curso. Pessoas LGBTs são mortas só por ser quem são. Então não podíamos deixar essas narrativas fascistas sozinhas.

"A sociedade exige que o policial seja um irmão mais velho", diz agente.

Chamaram a atenção depoimentos de policiais e agentes de Segurança Pública do Estado revelando um cenário desolador e de abandono no Rio Grande do Norte, coerente com os dados alarmantes e o crescimento da violência no Estado.

Um dos policiais classificou de “faz de conta” a estrutura oferecida pelo poder público:

- O Estado cria uma estrutura de faz de conta para investigar e eu participei dessa estrutura. Somos soterrados por pilhas (de documentos). Cada um é uma pessoa, uma história. Mas o que se faz é equalizar tudo. Trabalhei com um colega em Felipe Camarão que morava no próprio bairro, mas morria de medo de ser reconhecido. Se fosse, o destino não seria bom para ele.

Outro policial destacou que a sociedade espera um tipo de profissional da Segurança que nem sempre é aquele que atende a população:

- O sistema de segurança pública causa mal às pessoas. Somos treinados para isso. Há uma construção para que a gente haja dessa forma. A sociedade exige do policial que ele seja um irmão mais velho, que tenha a cara dura, seja forte, fale alto e ponha autoridade. O policial não pode ser o cara que dialoga, por que senão é “bicha”, “mão leve”. Temos que conviver com isso (no dia-a-dia). Recebemos uma instrução: vai lá e faça. Somos o cavalo de troia. Somos o inimigo íntimo. Só que isso não é segurança, mas insegurança.

Membro o movimento de Policiais Antifascistas, Fernando se identificou como delegado de polícia civil e afirmou que vive há 18 anos um mentira. Mas mesmo assim, ressaltou a necessidade de enfrentar a estrutura.

- Sou delegado de policia civil. Não vim aqui para reprimir, autuar ninguém, nem vim como olheiro. Assim como a Natália Bonavides, eu era advogado dos movimentos populares. Passei no concurso para uma função que me honra e que me magoou também. Há 18 anos vivo uma mentira. A segurança pública em nosso país é uma mentira. Vencemos o tempo todo uma mentira. Interessa ao fascismo se construir em cima da mentira. Nos colocam na vala comum. Temos que virar o jogo. Temos que dar um basta e nosso grito de libertação será no dia 7 de outubro. Vamos encontrar resistência, essa vitória não vai ser fácil. O fascismo já está estabelecido nesse país e vai continuar depois da eleição. Mas estou aqui dando a cara a tapa. Nós não seremos esquecidos.

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