Policiais reagem à perseguição política do governo Bolsonaro a opositores
Natal, RN 29 de mar 2024

Policiais reagem à perseguição política do governo Bolsonaro a opositores

25 de julho de 2020
Policiais reagem à perseguição política do governo Bolsonaro a opositores

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Policiais do Movimento Antifascismo no Rio Grande do Norte reagiram à confirmação de que o Governo Bolsonaro vem monitorando opositores políticos por meio de uma investigação sigilosa aberta no Ministério da Justiça contra 579 servidores públicos federais e estaduais, a maioria agentes de segurança pública, além de três professores.

As revelações vieram a público com a reportagem “Ação sigilosa do governo mira professores e policiais antifascistas”, publicada na sexta-feira (24) no portal Uol.

Citado na reportagem, o policial civil Pedro Paulo Chaves, o Pedro Chê, chamou de “polícia política” a iniciativa do Ministério da Justiça, atualmente sob o comando de André Mendonça, sucessor do ex-ministro Sérgio Moro:

- Foi revelado o que a gente já sabia, tinha informações inclusive. Que o governo Bolsonaro tinha criado a polícia política para investigar, perseguir e monitorar dissidentes políticos, pessoas que tem alinhamento político diferente. Por óbvio, os Policiais Antifascismo estaria nesse rol de pessoas a serem analisadas”, disse.

MP sugeriu o afastamento do Policial Civil Antifascista, Pedro Paulo Mattos, também conhecido como Pedro Chê

De acordo com a reportagem assinada pelo jornalista Rubens Valente, o ministério da Justiça produziu dossiês com nomes e, em alguns casos, fotografias e endereços de redes sociais das pessoas monitoradas. Uma ação típica e semelhante ao que acontecia na ditadura militar, quando opositores ao regime eram monitorados, perseguidos, presos, torturados e mortos.

O monitoramento vem sendo feito, segundo o portal Uol, pela secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça, uma das cinco pastas subordinadas ao ministro André Mendonça.

Essa não é a primeira vez que Pedro Chê é alvo de uma investigação política. Em abril, o promotor de Justiça Wendell Beetoven Ribeiro Agra abriu inquérito contra ele após o policial gravar um vídeo afirmando que os policiais antifascismo iriam fiscalizar uma carreata pro-Bolsonaro que incentivava a população a romper o isolamento social em Natal.

Na denúncia, o promotor sugere a investigação da Brigada Antifascista a fim de descobrir se o movimento é uma organização paramilitar ou miliciana e também determina a abertura de sindicância para apurar o possível cometimento por policiais civis, de “valer-se do cargo com o fim ostensivo ou velado de obter proveito de natureza político-partidária para si ou para outrem”, transgressão disciplinar prevista no art. 158, II, do Estatuto da Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Norte.

No vídeo gravado para tranquilizar os agentes de Segurança Pública que se ficaram preocupados com as investigações do governo Bolsonaro, Pedro Paulo Chaves reiterou o caráter republicano do movimento antifascismo:

- Não há com o que se preocupar. O movimento em todas as instâncias é republicano, legalista e lícito. As reuniões fechadas acontecem em razão do caráter estratégico de algumas conversas. Mas todos os nossos movimentos são lícitos e republicanos porque somos defensores da democracia e do estado democrático de direito, diferente dos nossos opositores”, disse.

Entidades que pautam a luta em defesa da democracia repudiaram a perseguição política do Governo Bolsonaro contra agentes de segurança pública e professores revelada pela reportagem do Uol. Entre as entidades, se manifestaram a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a Associação Brasileira de Imprensa e partidos políticos.

Coordenador Nacional do Movimento dos Policiais Antifascismo, o potiguar Dalchem Viana compara a ação sigilosa do Ministério da Justiça às perseguições da ditadura militar:

- A atividade de monitoramento de oposição, típica das ditaduras. Bolsonaro não precisa de "Golpe", ele é o próprio golpe na democracia. Esse monitoramento ideológico que se utiliza do aparato da segurança pública só ratifica o nosso Manifesto em que já vivemos um período de ruptura democrática. Na prática, trata-se apenas de mais uma perseguição institucional ao Movimento, visto que o próprio Ministério Público Estadual do Rio Grande do Norte já atuou de modo similar em dossiê que muito se assemelha a relatórios do DOPS no período da Ditadura escancarada. A esquerda não deve esperar o golpe, a ruptura democrática se dá todos os dias através de ações como essas”, pontuou.

Viana ressalta que o movimento dos Policiais Antifascismo no Brasil nasceu em defesa da democracia ameaçada desde o golpe que apeou do palácio do Planalto da então presidenta da República Dilma Rousseff:

- Só se incomoda com a luta Antifascismo quem atua no fascismo e é fascista. A preocupação do Presidente com a luta Antifascismo só comprova o que ele é. Isso não é o Movimento que diz, ele próprio comprova com suas ações”, concluiu.

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