Prefeitura reabre lixão de Cidade Nova, denuncia deputado
Natal, RN 18 de abr 2024

Prefeitura reabre lixão de Cidade Nova, denuncia deputado

20 de junho de 2019
Prefeitura reabre lixão de Cidade Nova, denuncia deputado

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Embora desde 2014 a legislação federal tenha determinado a substituição de todos os lixões no Brasil por aterros sanitários, a prefeitura de Natal voltou a depositar os resíduos sólidos no antigo lixão de Cidade Nova, na Zona Oeste da capital.

A denúncia do crime ambiental foi feita na Assembleia Legislativa pelo deputado estadual Sandro Pimentel (PSOL), que ajuizou uma representação junto ao Ministério Público para investigar o caso.

Em 2004 o lixão de Cidade Nova foi desativado e, desde então, os resíduos sólidos de Natal são transportados para o aterro sanitário de Ceará-mirim. No entanto, uma dívida de R$ 13,2 milhões da prefeitura com a Braseco, gestora do aterro, levou a empresa a reduzir o horário de recebimento do lixo.  Antes seguia até às 21h e hoje apenas até as 17h. Segundo o responsável pelo aterro, Henrique Muniz, dos 14 municípios que atuam no local, apenas a prefeitura de Natal deve a Braseco.

Procurada para falar sobre o caso, a prefeitura de Natal não quis se pronunciar.

Deputado Sandro Pimentel (PSOL) denunciou crime ambiental ao Ministério Público (foto: João Gilberto)

O município classifica o lixão de Cidade Nova "como um espaço de transbordo, que seria uma estação de intermédio entre o gerador dos resíduos e o destino final". Porém, na representação ajuizada no MP, Sandro Pimentel destaca que a falta de cuidados e orientações das Normas Regulamentadoras Brasileiras (NBR), como espaço coberto, sistema de exaustão do ar, presença de todos os desníveis, balança em pleno funcionamento e não conter a presença de catadores, "faz do ambiente um lixão, diferentemente do que fala a prefeitura".

No dia 9 de abril deste ano, o catador Eliabe Gonçalves da Silva, de 19 anos, foi soterrado e morto no lixão de Cidade Nova após ser atingido por duas camadas de lixo jogadas por uma máquina. Na época, a Companhia de Serviços Urbanos de Natal (Urbana) culpou o catador por ter invadido clandestinamente o local.

Eliabe Gonçalves da Silva tinha 19 anos e morreu soterrado no lixão. Urbana culpou catador

Dívida

Dos R$ 13,2 milhões da dívida da prefeitura com a Braseco, R$ 7,1 milhões são valores referentes apenas aos últimos quatro meses (fevereiro, março, abril e maio). Os R$ 6 milhões restantes correspondem a dívidas de gestores anteriores e estão judicializadas.

Segundo Sandro Pimentel, a realidade é que o retorno do lixão na zona oeste da capital causa sérios problemas sociais e ambientais.

"Além da produção de chorume, que atinge o lençol freático e as águas subterrâneas, o risco da gestão inadequada dos resíduos traz à tona os catadores, que muitas vezes são representados por famílias como um todo, com presença de menores e idosos, sem qualquer proteção com equipamentos de proteção individual (EPI)", destacou o parlamentar na representação, antes de lembrar os problemas de saúde pública gerados pelo lixão:

- "A volta do lixão também provoca o aumento nos casos de doenças com características da veiculação de roedores, insetos e parasitas, fazendo que o próprio poder público destine maiores investimentos de material humano e insumos básicos nas Unidades de Saúde", disse.

O Ministério Público investiga a denúncia. O órgão foi procurado para falar sobre o caso, mas até o momento não retornou os questionamentos.

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