Presidente da UBES fala sobre agressão e censura no Congresso  
Natal, RN 25 de abr 2024

Presidente da UBES fala sobre agressão e censura no Congresso  

23 de maio de 2019
Presidente da UBES fala sobre agressão e censura no Congresso   

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As cenas dos vídeos que viralizaram nas redes sociais são fortes. Dois jovens estudantes, representantes das principais entidades estudantis do Brasil, foram xingados por deputados governistas e agarrados à força pela segurança legislativa da Câmara dos Deputados. A violência física e verbal que Marianna Dias (UNE) e Pedro Gorki (UBES) sofreram na quarta-feira (22) mostra o grau de intolerância no Congresso Nacional.

Marianna e Gorki acompanhavam a audiência da comissão de Educação da Câmara dos Deputados que ouvia, naquele dia, as explicações do ministro da Educação Abraham Weintraub sobre os cortes nas universidades e institutos federai do país.

Num acordo previamente firmado com a deputada federal Marcivânia Flexa (PCdoB/AP), que ocupava a presidência da comissão de Educação naquele momento, ficou definido que Pedro Gorki, Marianna Dias e um representante da sociedade civil teriam direito a voz ao final das explicações do ministro.

A agência Saiba Mais conversou por telefone com o presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) Pedro Gorki após o episódio. Natalense e filiado ao PCdoB, ele votou pela primeira vez nas eleições de 2018. Hoje, dirige a maior instituição estudantil da América Latina.

No vídeo que circulou pela internet, Gorki aparece sendo agarrado por agentes da guarda legislativa da Câmara. Foi resgatado pelos deputados federais Rafael Motta (PSB/RN) e Zeca Dirceu (PT/PR).

Segundo ele, antes de ser agarrado pelos seguranças foi xingado por deputados do PSL, especialmente o delegado Valdir, um dos parlamentares mais exaltados na audiência:

- Eles nos xingavam de vagabundos, de lixo, bagunceiros. Graças aos deputados da oposição, entre eles o deputado potiguar Rafael Motta, fomos salvo dos policiais legislativos, que estavam sendo incentivados a nos agredir pelos deputados do PSL.

O delegado Valdir e o delegado Eder Mauro ficaram revoltados, histéricos, diziam que a UNE e a UBES não iam falar, que tinham que nos investigar”, disse.

Num jogo de cena, os parlamentares questionaram o ministro da Educação sobre a permissão para que os líderes dos estudantes falassem na audiência:

- Mas o ministro disse que não queria nos ouvir, que a Câmara não era lugar para estudante falar. Então nos encaminhamos para perto onde estavam os deputados histéricos, que passaram a nos xingar e incentivaram que os seguranças nos tirassem de lá”, afirmou.

Para Pedro Gorki, a reação dos parlamentares governistas e do próprio governo Bolsonaro, representado pelo ministro Abraham Weintraub mostra que a democracia está sob risco no país:

- O que aconteceu mostra mais que a Escola Sem Partido e a lei da Mordaça. Mostra as garras antidemocráticas desse Governo. Eles não aceitam a voz da juventude”, avalia.

Um dos organizadores da grande manifestação convocada por estudantes para 30 de maio em todo o país, Pedro Gorki acredita que as agressões sofridas por ele e Marianna Dias devem refletir em mais gente nas ruas.

- A projeção que temos é de que no dia 30 de maio será uma manifestação ainda maior do que a que aconteceu dia 15, que já foi muito grande. Se eles não nos querem no Parlamento, iremos para as ruas

Os cortes nas universidades e institutos federais e a defesa da Educação pública, gratuita e de qualidade estarão no foco da próxima manifestação.

Questionaria sobre o que falaria na Câmara se os microfones não lhe fossem censurados na comissão de Educação, Gorki disse que faria a defesa da Educação.

- Quando teve a oportunidade de falar, o ministro falou mal do Pronatec e não respondeu a nenhuma pergunta dos deputados. Se não fôssemos censurados, eu iria falar que o ministro precisa de uma aula sobre educação. Diria a ele que educação não é gasto, mas investimento. Que é preciso investir em educação, ciência e desenvolvimento para construção de um Brasil soberano.

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