Privatização da Eletrobrás ameaça soberania e segurança energética do país, alerta Sindicato dos Eletricitários do RN
Diante do processo de desestatização de empresas brasileiras pelo governo do presidente Jair Bolsonaro, como a Eletrobras, a Petrobras, os bancos públicos, os Correios, a água e o saneamento, as consequências serão o aumento de tarifas e dificuldade de acesso a bens e serviços públicos pela população. O alerta foi dado pelo secretário geral do sindicato dos Eletricitários do Rio Grande do Norte, Ari Azevedo, em entrevista ao programa Balbúrdia desta sexta-feira, 22.
Enviada pelo Planalto ao Congresso, a Medida Provisória 1031/2021 aprovada pela Câmara dos Deputados no último dia 19, cria condições para a privatização da Eletrobras, estatal vinculada ao Ministério de Minas e Energia e que responde por 30% da energia gerada no País. Foram 313 votos favoráveis e 166 contrários, lembrou Ari Azevedo, destacando que apenas dois deputados da bancada do RN foram contrários: Natália Bonavides (PT) e Rafael Motta (PSB).
Benes Leocádio (Republicanos), Beto Rosado (PP), Carla Dickson (Pros), General Girão (PSL), João Maia (PL) e Walter Alves (MDB) votaram pela privatização. Para Ari, “vender a Eletrobrás é entregar a nossa água. Lá está o Rio São Francisco”.
Ari questionou a ausência de discussão da matéria. “O governo não fez o debate”, e a Câmara atropelou a apreciação de outras 15 MPs que estariam na fila para votação antes que o texto de capitalização da Eletrobras fosse analisado. A MP será analisada pelo Senado, que terá quase um mês para votá-la.
Esta é a terceira tentativa governamental de privatizar a estatal desde o anúncio da inclusão da Eletrobras no Plano Nacional de Desestatização (PND), em 2017, pelo governo de Michel Temer.
Ressaltando a competência e excelência técnica da Eletrobrás, Ari lembrou da a crise energética no Amapá, causada pelo apagão atinge quase 90% da população do estado: “quem socorreu foi a estatal”, ainda que a espanhola Isolux tenha recebido em 2008 a concessão das linhas de transmissão do Pará para o Amapá por 30 anos.
O dirigente sindical lembrou que a Eletrobrás não é deficitária. A estatal gerou R$ 24 bilhões de lucro nos últimos três anos. A venda, para ele, é um negócio fantástico. “Infelizmente, não para os brasileiros, não para os trabalhadores”.
Confira a entrevista na íntegra.