Professor relata ameaça de eleitor de Bolsonaro após defender lei Rouanet em sala de aula
Natal, RN 19 de abr 2024

Professor relata ameaça de eleitor de Bolsonaro após defender lei Rouanet em sala de aula

5 de outubro de 2018
Professor relata ameaça de eleitor de Bolsonaro após defender lei Rouanet em sala de aula

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O professor de história do colégio CEI Mirassol Euclides Tavares relatou que sofreu uma ameaça de morte nesta sexta-feira (5) de um eleitor do candidato à presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) após debater com alunos a importância da Lei Rouanet para o cinema nacional.

O episódio aconteceu na turma do 1º ano B. O CEI Mirassol é um colégio frequentado por estudantes de classe média alta de Natal (RN).

Tavares afirmou que, após a aula, foi convocado à coordenação para explicar o que havia acontecido em sala. Sem entender do que se tratava, já que a aula tinha sido sobre cinema nacional e a importância da lei Rounet como forma de financiamento dos filmes brasileiros, a coordenadora explicou que recebeu um telefonema de um suposto pai de aluno afirmando que o professor estaria defendendo em sala de aula o ex-presidente Lula e atacando Jair Bolsonaro. O mesmo homem também teria ameaçado ir à escola armado com outros três pais para “resolver o problema”.

- Um pai ligou dizendo que eu estava na sala fazendo discurso a favor de Lula, detonando Bolsonaro, dizendo que Bolsonaro não prestava, falando da lei Rouanet. Ele disse: “resolva porque quem senão quem vai resolver sou eu. Vou com mais três pais, armados e ele vai ver porque Bolsonaro vai ser bom pra ser presidente do Brasil”.

Tavares denunciou o caso por meio de um áudio que viralizou em grupos de whatsaap. Euclides foi orientado a registrar a ocorrência na delegacia e, até o fechamento desta matéria, o colégio ainda não tinha identificado o autor do telefonema.

No mesmo áudio, o professor comentou que havia "um boy (aluno) o tempo todo me criticando" e se disse vítima do ódio:

- O professor não tem mais liberdade de falar nada, a que ponto a gente chegou. Estou sendo vítima de um ódio que infelizmente assolou esse país. Estou fazendo meu papel como professor em sala de aula.

Procurado pela agência Saiba Mais, o professor Euclides Tavares não quis comentar o assunto em razão da proporção que o caso tomou, mas confirmou a veracidade das informações. Ele explicou que gravou o áudio e divulgou num grupo restrito, mas não imaginou que ganharia tamanha repercussão.

A coordenadora do Ensino médio do CEI Mirassol Ana Cristina Dias disse que o colégio ainda está apurando a origem do telefonema e só então vai se pronunciar. Por enquanto, explicou, a escola quer resguardar a imagem do professor e da própria instituição:

- Não sabemos quem ligou, se foi pai ou se foi um trote. O professor ficou chateado. Hoje tudo o que a gente fala ganha uma dimensão política. Estamos averiguando.

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