Protestos no Chile ignoram toque de recolher e já deixaram pelo menos sete mortos
Iniciados após o Governo anunciar reajuste na passagem do metrô (equivalente a 16 centavos de real), os protestos populares no Chile acendem um alerta sobre a crise na América Latina. Várias regiões, incluindo Santiago, passaram a noite de sábado e domingo sob toque de recolher e sob o comando das Forças Armadas.
A última vez que o país enfrentou protestos semelhantes ocorreu ainda em 1987, durante o regime do ditador Augusto Pinochet.
Até as primeiras horas desta segunda-feira (21), mais de 1.400 pessoas haviam sido presas durante os protestos, sendo mais de 640 na capital Santiago. O ministro do Interior do Chile Andrés Chadwick confirmou pelo menos sete mortes em razão das manifestações
O Estado de Emergência decretado pelo governo do presidente Sebastián Piñera é uma tentativa de controlar os violentos protestos que tomaram conta do país desde que foi anunciado um aumento das passagens do metrô. O reajuste já foi revogado pelo Governo, mas não reduziu a força dos protestos.
A movimentação popular, descentralizada e envolvendo principalmente jovens, começou com atos de recusa de pagar a passagem com milhares pulando as roletas. Desde então, há depredação do metrô, saques a supermercados, e na cidade de Valparaíso a sede do jornal El Mercurio de Valparaiso, o mais antigo em circulação na América Latina, foi incendiado. No final de semana, a Câmara dos Deputados se reuniu em sessão de emergência e suspendeu a alta do valor da passagem, que havia ido de 800 para 830 pesos — uma diferença equivalente a 16 centavos de real. O aumento, argumentam as autoridades, foi causado pela subida internacional do preço do petróleo e pela disputa comercial entre Estados Unidos e China.
No domingo (20) Piñera reuniu no Palacio de La Moneda os presidentes do Senado, Jaime Quintana, da Câmara, Iván Flores, e da Corte Suprema, Haroldo Brito. Queria demonstrar unidade dos Três Poderes perante a repentina onda de protestos.
“Faço um clamor por unidade nestes momentos difíceis. Unidade contra a violência, contra o vandalismo e a delinquência, unidade pela democracia e pelo Estado de Direito”, afirmou o presidente.
Quintana, que é da oposição e membro do Partido pela Democracia, de centro-esquerda, evitou os floreios políticos. “Não há dúvida de que esta é a mais complexa crise envolvendo protestos sociais que nossa democracia já enfrentou. Frente a uma situação desta magnitude, não cabe outro caminho que não colaborar com o governo, deixando de lado nossas diferenças.
Fonte: Uol, El País e El Mercúrio