Próximas reportagens da Vaza Jato vão expor Rede Globo, avisa Gleen
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Próximas reportagens da Vaza Jato vão expor Rede Globo, avisa Gleen

30 de agosto de 2019
Próximas reportagens da Vaza Jato vão expor Rede Globo, avisa Gleen

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Ao programa Entre Vistas, da TVT, nesta quinta-feira (29), o jornalista e fundador do The Intercept Brasil, Glenn Greenwald, responsável pela divulgação da série de reportagens Vaza jato que revelam mensagens trocadas entre os integrantes da força-tarefa, afirmou que as próximas reportagens da série serão sobre o recebimento de vazamentos seletivos pela Rede Globo feitos pelos procuradores da Lava Jato.

“O Jornal Nacional recebia, e vamos reportar muito sobre isso logo, vazamentos da Lava Jato dizendo que tal político foi acusado em uma delação (…) A Globo lucrou muito sem fazer jornalismo. O papel do jornalismo era de parceria com a Lava Jato e Sergio Moro”, disse o jornalista Glenn Greenwald, em conversa com o apresentador Juca Kfouri, no programa Entre Vistas, da TVT.

Na entrevista, Glenn destacou o papel da imprensa comercial na construção do mito da Lava Jato como instrumento exclusivo de combate à corrupção e de Moro como herói. Antes responsável pelos julgamentos dos processos da força-tarefa na Justiça federal de Curitiba, Moro acabou ao lado do presidente de extrema-direita, Jair Bolsonaro (PSL), como ministro. Foram eles os maiores beneficiários do projeto político da Lava Jato.

“A imagem de Moro foi construída como herói sem desafios. Durante cinco anos, a mídia aplaudiu tudo do Moro. Mas mesmo a Veja, que fez isso, hoje é nossa parceira. Em dois meses é difícil abalar uma imagem construída em tanto tempo. Moro ainda é ministro, mas é uma figura mais fraca. As mudanças são sutis”, disse Glenn em trecho da entrevista.

Além do interesse ideológico de setores do mercado que controlam grande parte da imprensa em cooperar com a Lava Jato, esteve presente o interesse comercial. “A grande mídia estava aliada com Moro nos últimos cinco anos. Não só pela ideologia, mas também porque o modelo de lucro da mídia brasileira era de receber vazamentos sem gastar nada, sem fazer investigação”, explicou. E ampliar a audiência com os “espetáculos“.

“No Jornal Nacional, o [William] Bonner (apresentador) apenas falava o que tinha recebido da força-tarefa, com uma audiência enorme, sem nenhum trabalho jornalístico. Atuavam como parceiros”, destacou o jornalista em outro ponto da conversa.

Imprensa dócil

Para o conluio formado entre procuradores da Lava Jato e Moro, a mídia atuou como pivô, a fim de implementar o projeto político almejado. Como revelado pela Vaza Jato em repostagem dessa quinta (29), membros do esquema, em diálogo vazado, apontavam o “controle da mídia de perto“, citando veículos como o Estadão – grande canal de distribuição de vazamentos seletivos ao longo dos últimos anos.

Justiça com partido

Glenn disse ser “grande crítico” da imprensa comercial brasileira, mesmo atuando, muitas vezes, com parcerias. A própria criação do The Intercept Brasil teve relação com isso.

“Em 2016, estava chocado. O comportamento da mídia foi severo como nunca na questão do impeachment da Dilma. Não tinha debate, dissidência, sobre essa questão tão importante para a democracia. Foi exatamente por isso que decidi criar o The Intercept Brasil, para fazer um jornalismo que achava estar faltando aqui.”

Setores da mídia mostraram a predileção por projetos políticos específicos, escolhendo quem atacar. A Justiça idem. Glenn lembrou de um capítulo da Vaza Jato onde Moro protegeu o ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso, por ser “um aliado importante”.

“Para mim, isso é um crime; escolher quem vai processar e quem vai ser protegido por ser aliado. Já provamos isso. Mostramos que eles tinham uma obsessão em condenar o Lula e, ao mesmo tempo, protegeram FHC".

Acusações contra o Instituto Lula – sobre recebimentos de doações de empresas e receitas com palestras – nunca foram feitas contra o Instituto FHC. Processaram Lula, protegeram FHC. “Tem muito mais para reportar sobre isso também”, revela o jornalista.

Fraudaram a democracia

Diante do que já foi revelado, e de muito que ainda virá, Glenn acredita que a democracia brasileira foi fraudada, e que a legitimidade de Bolsonaro deve ser questionada.

“É muito interessante, que estava lendo um jornal associado à direita condenando a Rússia, porque adversários do Putin poderiam ser proibidos de concorrer nas eleições. Isso mostra que Rússia não era uma democracia real, mas acontece aqui também”, disse.

A escolha do ex-presidente Lula como alvo e a proteção de adversários culminou na eleição do projeto mais antagonista possível, com Bolsonaro.

“Quando você tira um candidato que lidera todas as pesquisas, por grande margem, a questão precisa ser analisada se os motivos foram políticos. Se Lula for condenado em um processo justo, merece ser punido. Mas estamos mostrando que, sem dúvidas, o processo que condenou Lula não foi justo. Violou todas as regras fundamentais para termos um sistema justo", finaliza.

Confira a íntegra da entrevista:

[embed]https://www.youtube.com/watch?v=OTWHMB5G1Ug[/embed]

*Com informações da Rede TVT e Rede Brasil Atual.

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