Que deus tenha misericórdia desta nação
Natal, RN 23 de abr 2024

Que deus tenha misericórdia desta nação

17 de junho de 2018
Que deus tenha misericórdia desta nação

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Quatro anos depois da nossa maior tragédia em campo e um golpe de Estado no meio, estamos nós, mais uma vez, dispostos a abraçar quem detestamos. Para isso, basta que Neymar e cia balancem as redes dos nossos adversários. Um gol em Copa do Mundo, acreditem, é capaz de transformar coxinhas e mortadelas em grandes amigos, nem que seja por alguns segundos.

No primeiro embate, pegaremos a mui familiar Suíça. País europeu historicamente ligado aos alpes naturais e a chocolates inesquecíveis, a Suíça passou a frequentar o noticiário nacional nos últimos anos em razão de sua peculiar característica: a atração do sistema financeiro por políticos e bandidos brasileiros.

Não por acaso, já circula pela internet a escalação da Suíça para o primeiro jogo com Eduardo Cunha, Sérgio Cabral e Henrique Alves no ataque. No meio de campo, distribuindo o jogo, um craque com nome de craque de pelada: Paulo Preto. Nas laterais, apesar da idade, João Santana e Edson Lobão tomaram a posição. Renan Calheiros, que ora distribui e ora destrói, foi escalado como volante moderno embora o conceito de moderno seja motivo para um papo na mesa do bar. E na defesa, talvez o único atleta incontestável: Gilmar Mendes.

Fosse contra essa Suíça escalada logo mais, imagino que a comissão de arbitragem não tinha muito o que fazer em campo. Muito embora, dos três últimos presidentes da CBF, Ricardo Teixeira foi afastado por corrupção, José Maria Marin acabou preso nos Estados Unidos também acusado de corrupção e Marco Polo Del Nero foi banido do futebol pela Fifa e só ainda não foi em cana porque permanece em solo brasileiro.

Mas voltemos às preces pela Seleção comandada por Tite. Não tenho essa confiança toda no Hexa apesar de ter cravado Brasil no bolão dos Guimarães. Aliás, como supersticioso, não lembro de nenhum título mundial conquistado tendo nosso escrete deixado o país nos braços do povo, como aconteceu agora.

Exceto Neymar, não se vê mais ninguém tão paparicado como em 2006, por exemplo. Ao menos também não temos aquela tensão pelo título que transbordava em lágrimas nos rostos dos jogadores, como em 2014, vide o choro surreal de Thiago Silva na cobrança de pênaltis contra o Chile.

Essa Copa, na verdade, está parecendo a eleição para presidente em outubro: muitos candidatos e nenhuma certeza.

O que temos para hoje ? Passados os primeiros minutos da estreia, aposto 4 x 0.

Mas confesso que, quando as duas Seleções entrarem em campo, só as palavras de Eduardo Cunha, no fatídico domingo em que o Congresso autorizou a abertura do impeachment contra Dilma Rousseff, me virão à cabeça:

“que deus tenha misericórdia dessa nação”

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