Rio Grande do Norte teve o maior pico no consumo de oxigênio de toda a pandemia durante o fim de semana
Natal, RN 1 de mai 2024

Rio Grande do Norte teve o maior pico no consumo de oxigênio de toda a pandemia durante o fim de semana

22 de março de 2021
Rio Grande do Norte teve o maior pico no consumo de oxigênio de toda a pandemia durante o fim de semana

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No pior momento da pandemia do novo coronavírus no ano de 2020, o Rio Grande do Norte teve no dia 1º de julho, o maior consumo de oxigênio por pacientes internados, num total de 10.100 m3/ dia. Mas, nesse último sábado (20), o estado ultrapassou esse pico, chegando a ter um consumo de 11.000m3/ dia.

Os cálculos foram feitos através do modelo Mosaic (Modelo EpideMic InfectiOus DiSease of lArge populatIon Code) pelo professor do departamento de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), José Dias do Nascimento Júnior, também responsável pelas projeções da pandemia dos nove estados do Nordeste.

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), o RN passou de um consumo de 200 mil m3/ mês de oxigênio em dezembro de 2020, para 230 mil m3/ mês em março de 2021.

O Governo do Estado aumentou em 25% a quantidade de oxigênio entregue pela White Martins aos municípios do Rio Grande do Norte que passam por dificuldade de abastecimento por conta do aumento da demanda de casos de Covid-19. Depois de reunião com o Ministério da Saúde e o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). O Governo também assegurou que o estado receberá 160 cilindros entre os dias 22 e 26 de março, além de 70 concentradores de oxigênio.

"Mesmo que o Governo do Estado amplie os contratos de fornecimento de oxigênio para a rede estadual de hospitais, a velocidade de adoecimento devido a circulação da população gera manutenção dos altos níveis de saturação do sistema. Baixar a circulação é a única saída segura a curto prazo neste momento de crise", aconselha Dias.

Medidas restritivas são suficientes para reduzir consumo de O2?

Desde esse último sábado (20), começou a valer o decreto estadual nº 30.419, que impõe medidas mais restritivas, com autorização para funcionamento apenas dos serviços considerados essenciais durante 14 dias. No entanto, a medida pode ser insuficiente para conter a curva de contaminação e o consequente aumento de consumo de oxigênio por pacientes internados em leitos críticos (semi-intensivos e UTI’s).

Essas ações, para o ápice da crise que estamos vivendo, são brandas para quebrar a transmissibilidade. Mesmo que aconteça uma redução, os resultados se darão de uma maneira muito lenta. O problema de agravamento de UTI’s e insumos precisam de soluções a curto prazo, é uma questão de escala de tempo, quanto podemos esperar para resolver o problema”, questiona José Dias.

O professor também argumenta que o ideal seria um fechamento das atividades econômicas pelo período de 21 dias para garantir a quebra da transmissibilidade do novo coronavírus. Como exemplo, ele cita resultados práticos alcançados pela Inglaterra, França, Nova Zelândia e em três cidades do interior de São Paulo: Araraquara (SP), onde o lockdown resultou numa queda de 50% na transmissão da doença; Ribeirão Preto e São José do Rio Preto.

“Os lugares onde se tentou restringir circulação da população durante algumas horas (intermitente) do dia, ou poucos dias por semana, como no RN, acabaram migrando para o lockdown sem escolha e numa situação pior ppor causa da demora. Logo, se for preciso lockdown, que seja feito o quanto antes. Um lockdown no pico da crise, tem menor eficiência. É por isso que desde o início de março estamos dizendo que o RN, com estes decretos semiabertos, segue sem perspectiva de melhora a curto prazo. Depois de um mês de lockdown, os casos de covid-19 em Araraquara caíram 50% e foi eliminada a crise do esgotamento dos recursos do sistema de saúde. Não há dúvida sobre sua eficácia, é uma unanimidade entre os cientistas. O que há, são tentativas de desqualificar o lockdown, mas sem qualquer argumento técnico, científico. Nesse cenário sem vacina, quanto mais contágio, mais longo será o problema. A curva de casos e óbitos deixa de ser um pico com descida e se torna um platô. É o pior cenário possível”, alerta Dias.

Até esta segunda (22), o Rio Grande do Norte tinha um total de 185.208 casos confirmados e 4.168 óbitos decorrentes do novo coronavírus, sendo que dez ocorreram nas últimas 24 horas nas cidades de Natal (05), Parnamirim (01), Boa Saúde (01), Assu (01), Lagoa de velhos (01) e Extremoz (01). A Sesap ainda investiga 63.198 casos suspeitos e 888 mortes que podem ter resultado de complicações provocadas pela covid-19.

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