A situação está caótica em Manaus desde a manhã desta quinta-feira (14), quando acabou o oxigênio nos hospitais. Por essa razão, diversos estados receberão pacientes com covid-19 transferidos da capital amazonense. O Rio Grande do Norte vai acolher 10 pacientes no Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), que possui gerência federal, da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
A informação foi confirmada pela Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap-RN) na tarde desta quinta-feira (14), por meio de nota. Ainda não existe data para a chegada desses pacientes.
O Governo do RN ressaltou preocupação com o alerta epidemiológico de registros de casos de uma nova variante da covid-19 no Amazonas. “A equipe de Vigilância Epidemiológica da Sesap e o Laboratório Central de Saúde Pública do RN (Lacen) se organizam para execução de ações que conduzirão o processo de sequenciamento genético das amostras dos pacientes que tiverem coletado RT-PCR no estado de origem”, diz o comunicado, ao salientar que as equipes irão estabelecer o fluxo em parceria com o Laboratório de Virologia da UFRN, que mantém articulação com a Fiocruz, para o sequenciamento dessas amostras e identificação da Cepa do vírus SARS-CoV-2.
A transferência dos doentes será responsabilidade do governo federal, que está destinando aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) para os translados. Os primeiros pacientes chegam a Teresina no início da noite desta quinta.
Goiás, Distrito Federal, Paraíba, Maranhão e Pará também devem receber pacientes. A previsão dada pelo ministério aos governadores é da necessidade de transferência imediata de 750 pacientes. Estados mais distantes, como Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, também estão se dispondo a receber pacientes.
Nesse primeiro momento, serão 135 pacientes para hospitais geridos pela Ebserh e mais 100 para a rede estadual de saúde de Goiás, totalizando 235 pacientes transferidos.
De acordo com o Ministério da Saúde, já estão sendo enviados materiais e oxigênio para o Amazonas, mas falta capacidade de atendimento em Manaus de profissionais de saúde, condições técnicas e de equipamentos. Na segunda-feira (11), a FAB divulgou envio de 24 toneladas de cilindros de oxigênio para a cidade.
O Amazonas sofre com o crescimento dos casos e tem as redes de UTI praticamente com ocupação total. Na quarta-feira (13), a capital, Manaus, registrou um número recorde de enterros, com 198 corpos sepultados.
O Amazonas totalizou 219.544 casos 5.879 e mortes pelo coronavírus, de acordo com a Fundação de Vigilância em Saúde do estado.
Em vídeo, o presidente do Sindicato dos Médicos do Amazonas, Mário Viana, apelou para que oxigênio de outros estados seja transportado à cidade “em caráter de guerra”.
Para manter os pacientes vivos, Viana relata que eles estão sendo ambuzados. A técnica consiste no uso de um equipamento de respiração manual chamado ambu, em que o profissional de saúde – médico, enfermeiro ou técnico – faz o bombeamento manual de um balão de oxigênio, pois os respiradores estão sem o gás.
Novas medidas
O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), aumentou as restrições no estado nesta quinta-feira (14) por conta do aumento no número de casos do novo coronavírus.
Entre as medidas anunciadas estão a suspensão do transporte coletivo de passageiros entre rodovias e rios (exceto cargas) e a proibição de circulação de pessoas entre 19h e 6h (exceto atividades e transporte de produtos essenciais).
O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), proibiu a circulação de embarcações entre o estado e o Amazonas e anunciou nesta quinta-feira (14) que estenderá a decisão também para via terrestre como medida de prevenção.
Também fez pedidos emergenciais de informações à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e à Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) sobre as providências tomadas nos aeroportos no Pará que possuem voos com origem do Amazonas.