Robério Paulino: “Meu primeiro projeto será reduzir 90% dos comissionados”
Natal, RN 26 de abr 2024

Robério Paulino: “Meu primeiro projeto será reduzir 90% dos comissionados”

3 de outubro de 2018
Robério Paulino: “Meu primeiro projeto será reduzir 90% dos comissionados”

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Terceiro lugar na disputa para o Governo do RN em 2014 com uma votação que, para muitos analistas, contribuiu de forma decisiva para levar a eleição para o 2º turno,  o professor Robério Paulino (PSOL) vai buscar em 2018 uma cadeira na Assembleia Legislativa.

Apresentando-se mais uma vez como um representante da nova forma de fazer política, o candidato promete combater as oligarquias, as velhas práticas políticas e lutar para diminuir a quantidade de cargos comissionados, além de transformar a UERN em um instrumento para ajudar a desenvolver o RN. “Quero revolucionar a forma de fazer política”, afirma.

Robério Paulino é o sexto entrevistado da série "Me Representa", realizada pela agência Saiba Mais com candidatos e candidatas do campo progressista. Confira:

Agência Saiba Mais: Robério, nos anos 1980 o senhor foi militante estudantil, é professor universitário e continua defendendo a bandeira da Educação. Se for eleito deputado estadual, qual aspecto da educação do Rio Grande do Norte vai priorizar? Qual será a sua principal bandeira de luta enquanto representante do RN?

Robério Paulino: Minhas prioridades serão melhorar a remuneração e qualificação dos professores, dando lhes tempo para isso. Em segundo lugar, organizar um grande mutirão interinstitucional para erradicar o analfabetismo no Estado em poucos anos. Em terceiro, recuperar, fortalecer e transformar a UERN em um grande instrumento de desenvolvimento do estado.

Há mais de 2 anos os servidores aposentados do Estado vêm amargando receber o salário com atraso. Qual tem sido sua atuação para ajudar a sanar este problema e como atuará daqui em diante caso seja eleito deputado estadual?

Minha presença tem sido constante na solidariedade aos professores, nas assembleias, manifestações. Chegando a AL-RN (Assembleia Legislativa), nosso mandato será um instrumento à disposição dos servidores em todas suas lutas. Um escudo das lutas sociais, em defesa da educação de qualidade, melhores salários e condições de trabalho para todos os servidores, e defesa do serviço público de qualidade para a população.

No plano nacional, a emenda 95, que é a PEC do congelamento de investimentos, foi aprovada em 2016 pelo Congresso e já está em vigor. Já é possível sentir os impactos dessa medida na educação pública?

Sem dúvida. Ela tem sido a justificativa da maioria dos governos para congelar os investimentos em educação no estado, atrasar os salários, postergar a reforma das escolas e atrasar os salários dos servidores.

Em sua opinião, há em marcha um projeto para destruir o ensino médio e a educação pública em todas as esferas? O interesse privado, no governo Temer, está acima do interesse público?

Sem dúvida. A lógica liberal e a mercantilização ou privatização do ensino, colocando o interesse privado acima do público. Mas a maioria da população brasileira não pode pagar educação privada. Destruir ou sucatear a educação pública é condenar o futuro do país.

Agora vamos sair do tema educação e entrar um pouco na questão política. Quais lições o senhor aprendeu nas candidaturas de 2012 e 2016 a prefeito de Natal e em 2014 a governador do RN? Avalia ter cometido algum erro tático?

Avaliamos como vitoriosas e profundamente educativas nossas campanhas de 2012, 2014 e 2016. Mas a legislação eleitoral é muito punitiva para os pequenos partidos de esquerda. Em 2016 tivemos apenas 10 segundos na TV e a Globo nos tirou do debate propositalmente. Se soubéssemos que a Lei feita por Eduardo Cunha e sancionada pela presidenta Dilma em 2016 iria nos prejudicar tanto, talvez eu devesse ter sido candidato a vereador em 2016, não a prefeito de Natal. Mas a Lei restritiva foi feita quando já não tinha volta. Foi muito ruim também não ter havido uma Frente de Esquerda com o PSTU, que levou à perda do mandato de Amanda Gurgel, pela negativa daquele partido em fazer a frente.

O senhor vem ganhando muita projeção por enfrentar as velhas oligarquias do RN e se mostrar como alguém que quer fazer uma política nova. Em 2012 confrontou Carlos Eduardo. Em 2014 foi 3º lugar disputando o governo com Robinson Faria e Henrique Alves, levando o pleito para o 2º turno. Já em 2016 enfrentou mais uma vez Carlos Eduardo, que à época disputava com Fernando Mineiro a prefeitura de Natal. Qual é o Robério de 2018 candidato a deputado estadual? O mesmo que enfrenta as oligarquias ou um novo Robério?

Sim, será o mesmo professor Robério Paulino, opositor tenaz das oligarquias do estado, mas também o Professor Robério que apresentará uma plataforma de profunda transformação e modernização do estado em diversos setores. Na educação, na segurança, na saúde, na industrialização do estado, na questão hídrica e ambiental do nosso semiárido e etc.

Por que o senhor se considera representante da nova forma de se fazer política?

Porque não entendo a política como um negócio ou uma carreira. Não quero um tostão com isso. Não sou um político, sou um lutador social há 40 anos, desde minha juventude. Quero revolucionar a forma de fazer política, combatendo tenazmente a corrupção, o nepotismo, o loteamento da máquina pública, que são decorrência da lógica patrimonialista da gestão pública no Brasil. Lutarei também contra os privilégios no Executivo, no Judiciário e especialmente no Legislativo. Meu primeiro projeto será a redução de 90% dos cargos comissionados e abertura de concurso para essas vagas, para dar oportunidades iguais para todos. Por fim, nosso mandato será um instrumento de defesa, um escudo, para as lutas sociais.

Recentemente tivemos o escândalo dos funcionários fantasmas da Assembleia Legislativa. O senhor falou que uma de suas propostas é diminuir em 90% os cargos comissionados. Como o senhor pretende pôr em prática esta ideia observando que muitos cabos eleitorais dos políticos são conseguidos por meio dessa moeda de troca?

Vamos apresentar o projeto de redução de 90% dos CCs (Cargos Comissionados) logo no início do mandato, mas dependerá da nova legislatura aprovar. Cada deputado mostrará já no início a que veio.

Por que o senhor resolveu se candidatar a deputado estadual e não tentar o Governo do Estado mais uma vez?

Porque o partido tem outros quadros muito valorosos para as candidaturas majoritárias, como o professor Carlos Alberto, a companheira Cida, governador e vice, e os companheiros Telma Gurgel e Professor Lailson, senadores. E também porque o partido julgou que era hora de estabelecer uma plataforma na AL e que eu poderia contribuir para isso.

O senhor acha que falta unidade aos partidos de esquerda em nível de RN e Brasil?

A unidade deve se dar na luta. Nas eleições, é natural e muito saudável para a educação política do povo que no primeiro turno todos os partidos exponham suas ideias e plataformas. Não é aceitável, por exemplo, que partidos que se propõem de esquerda façam coligações com o MDB golpista em vários estados.

Como o senhor avalia o crescimento e a atuação do PSOL do Rio Grande do Norte?

O PSOL vem crescendo muito, mas precisa transformar esse crescimento em expressão parlamentar, que ainda é pouca.

Na sua avaliação, os brasileiros dispõem de bons nomes para candidatos à presidência. E os potiguares, para o governo do RN?

Sim, a população tem bons nomes, mas a PSOL apresenta os seus, como Guilherme Boulos e Sônia Guajajara, porque acredita que a grande maioria dos partidos e candidatos ou representam ou não romperam com a velha política.

O PSOL poderá apoiar algum nome para presidente no segundo turno? E aqui no RN, apoiará alguém para o governo do Estado em um hipotético segundo turno?

Não há qualquer definição sobre isso. O partido irá se reunir no momento certo. Não posso adiantar nada pelo partido, que tem visões internas bem diferentes e procederá de forma bem democrática para essas decisões.

É possível um apoio a candidatura de Fátima Bezerra ou essa possibilidade não encontraria eco dentro do partido?

O partido avaliará todas as opções para derrotar as velhas oligarquias do estado.

Para encerrar: que mensagem o senhor deixa para os eleitores do Rio Grande do Norte, que já demonstrou ter confiado no seu nome para governador do Estado em 2014?

Que pense mil vezes antes de escolher um candidato e votar. Que não adianta reclamar dos políticos e depois votar nos mesmos de sempre. Que todos os candidatos vão se dizer defensores da educação, da saúde, da segurança, mas a maioria deles estão mentindo. Que o eleitor deve pesquisar e ver se o partido do candidato votou contra ou a favor da Reforma Trabalhista, que retira direitos sociais do povo. Ver se o partido do candidato votou a favor da PEC 95. Se votou, esse candidato está mentindo e não merece o voto do eleitor. Pensar mil vezes e pesquisar, esse é o caminho para não votar errado.

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