Roda de samba pode virar patrimônio imaterial em Natal
Natal, RN 28 de mar 2024

Roda de samba pode virar patrimônio imaterial em Natal

2 de setembro de 2019
Roda de samba pode virar patrimônio imaterial em Natal

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Depois da prefeitura ameaçar acabar com a roda de samba realizada há mais de 10 anos na rua coronel Cascudo, na Cidade Alta, um projeto de lei de autoria da vereadora Divaneide Basílio (PT) pretende transformar a “Quinta que te quero Samba” em patrimônio imaterial cultural de Natal.

O PL foi protocolado na Câmara Municipal de Natal e tem o objetivo de também chamar a atenção da sociedade para o movimento de rua que acontece semanalmente no Centro, onde centenas de pessoas, de todas as idades, classes sociais e orientações de gênero cantam e dançam ao som do grupo Batuque de um Povo.

Antes de ir a plenário para votação dos vereadores, o PL passará por três comissões: Legislação, Justiça e Redação Final; Finanças, Orçamento, Controle e Fiscalização; e Educação, Cultura, Desporto, Ciência, Tecnologia e Inovação.

A Unesco define como patrimônio cultura imaterial as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas que as comunidades, os grupos, e alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante do seu patrimônio cultural.

Há um mês, técnicos da secretaria municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb) proibiram a roda de samba em razão de denúncias de poluição sonora realizadas por moradores da região. O veto chamou a atenção porque os músicos encerram a festa rigorosamente às 22h justamente para não incomodar a vizinhança.

Autora da proposta, Divaneide Basílio destaca que o movimento de rua tem como proposta resgatar as raízes do samba e a cultura afro-brasileira, além de mostrar para o grande público trabalhos autorais dos sambistas potiguares. Sobre a tentativa de acabar com a festa, a parlamentar do PT diz que ações desse tipo vão na contramão da valorização da cultura brasileira em outras capitais do país:

- Esses atropelos caminham em sentido contrário a diversos movimentos e ações culturais em outras capitais brasileiras, como Recife, Salvador, Rio de Janeiro, etc, em que se multiplicam ações e projetos para manter as tradições culturais da cidade, assegurando sua existência no meio do povo. Não adianta ter o frevo trancafiado nas paredes físicas de um museu ou reproduzido em estudos se a música não está na alma do povo, ressignificada a cada oportunidade em que é executada, entoada pelas vozes do povo, promovendo emoção e sentimento de pertencimento à cultura de um povo”, afirmou a vereadora do PT

Projeto de lei foi debatido entre a vereadora Divaneide Basílio (PT) e os músicos do grupo "Batuque de um Povo" (Foto: Vlademir Alexandre)

A Quinta que te quero samba nasceu há mais de 10 anos, com o nome de “Quinta viva do Samba” e acontece religiosamente sempre às quintas-feiras em frente ao bar da Nazaré, na rua coronel Cascudo, Cidade Alta. Atualmente, quem comanda a roda é o grupo Batuque de um Povo, mas já passaram por lá bandas como “Arquivo Vivo” e “Brisas do Tempo”.

O projeto que pode transformar o movimento em patrimônio imaterial de Natal foi debatido com os sambistas da festa.

Um dos líderes do Batuque de um Povo, o compositor e percussionista Carlos Britto destaca a importância do projeto para os músicos:

- Há mais de 10 anos que a gente faz isso na rua, então isso faz parte da minha vida. A importância que tem aquilo ali pra gente é enorme. O que a gente passa, o que a gente enfrenta, as próprias proibições que houve, às vezes ter que tirar do bolso pra quitar estrutura, nosso som, passar o chapéu... a quinta-feira é uma das coisas mais importantes da nossa vida, por tudo o que a gente tem passado”, disse.

Na visão do sambista, transformar o Quinta que te quero samba em patrimônio imaterial é uma forma fortalecer a festa de rua.

- Se o Quinta que te quero samba virar mesmo patrimônio imaterial vai dar um resguardo maior pra gente, para o movimento em geral, pra gente fixar mais nosso espaço e para que deixem de mexer tanto com a gente. A vereadora Divaneide nos disse numa reunião com todo mundo que já tinha essa ideia, perguntou se a gente aceitava e claro que a gente aceitou”, contou.

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