O ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo informou a assessores que vai entregar o cargo ao presidente da República Jair Bolsonaro. A notícia da demissão do chanceler foi noticiada pelo jornal O Globo. O Palácio do Planalto ainda não confirmou a exoneração do ministro, um dos auxiliares mais alinhados com a ala ideológica do governo.

O senador do Rio Grande do Norte e líder da minoria na Casa Jean Paul Prates (PT) apresentou um projeto de resolução que propõe a suspensão de nomeações de embaixadores pelo Senado até que o ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo seja exonerado do cargo pelo presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido).

Na avaliação dos senadores de Oposição, Araújo falha na articulação para a compra de vacinas contra a covid-19 e também prejudica a economia do país quando insulta nações estrangeiras, a exemplo da China, principal parceiro comercial do Brasil.

A pressão sobre o chanceler vinha aumentando e chegou ao ápice no final de semana, após uma discussão pública de Araújo com a senadora Kátia Abreu (DEM-TO). Pelo twitter, o chanceler disse que ouviu da senadora do Tocantins que ele seria "o rei do Senado" se fizesse um gesto relacionado à aprovação do projeto que traria para o Brasil a tecnologia 5G.

Um grupo de senadores de oposição anunciou na manhã desta segunda-feira (29) que vai protocolar um pedido de impeachment contra Araújo no Supremo Tribunal Federal:

"No Brasil, o atual chanceler não só não atuou diligentemente para representar o país nos fóruns internacionais em que era necessário o seu empenho para conseguir referidas vacinas e insumos na quantidade e tempo desejados, como criou obstáculos com um importante parceiro fornecedor. A China, aliada do Instituto Butantan na produção da CoronaVac, foi objeto de críticas e ironias dirigidas pelo denunciado, que não cansou de se referir à Covid-19 como 'comunavírus' e 'vírus chinês'", afirmam os senadores no pedido.

Os senadores acreditam que Ernesto Araújo praticou crime de responsabilidade.

O artigo 5º da lei 1079, de 1950, diz que está tipificado como esse tipo de crime "cometer ato de hostilidade contra nação estrangeira, expondo a República ao perigo da guerra, ou comprometendo-lhe a neutralidade".

"Anti-ministro que só causou confusão", diz senador do RN

Jean Paul Prates tem criticado a política internacional adotada pelo governo Bolsonaro. Em vídeo, o parlamentar do Rio Grande do Norte afirmou que Ernesto Araújo foi uma peça fundamental para a construção do cenários desfavorável para o Brasil no exterior.

- O Ernesto Araújo foi mais um anti-ministro das relações exteriores do que um chanceler de um país como o Brasil no cenário internacional. Uma pessoa que só causou confusão, que tenta emplacar teorias díspares da nossa tradição diplomática, e mais ainda, parecendo um agente intelectualoide de teorias da conspiração, uma pessoa fora da realidade, colocada ali aparentemente para causar confusão mesmo, pra trazer para o cenário da mídia nacional discussões completamente incabíveis, principalmente nesse momento de pandemia”, afirmou.