Tratamento com cannabis de 258 pacientes no RN depende da Justiça
Natal, RN 24 de abr 2024

Tratamento com cannabis de 258 pacientes no RN depende da Justiça

21 de junho de 2019
Tratamento com cannabis de 258 pacientes no RN depende da Justiça

Ajude o Portal Saiba Mais a continuar produzindo jornalismo independente! Apoie com qualquer valor e faça parte dessa iniciativa.

Quero Apoiar

Está nas mãos do juiz da 4ª Vara Federal Janilson Siqueira o tratamento com cannabis de 258 pacientes no Rio Grande do Norte. Desses, 58 tiveram o acompanhamento interrompido em 2018 e outros 200 aguardam prescrição médica para entrar na fila de espera e iniciar o tratamento.

O caso vem sendo acompanhado pela Associação Reconstruir Cannabis Medicinal atua em Natal, que conta atualmente com 88 associados. A entidade conta com uma neurocirurgiã, um engenheiro agrônomo no cultivo, uma farmacêutica e dois engenheiros químicos na produção do fitoterápico, entre outros profissionais.

Nós atendíamos diversas patologias, como: parkinson, alzheymer, epilepsia, autismo, fibromialgia, dor crônica, câncer, depressão, ansiedade, esclerose múltipla entre outras”, informou o presidente da associação, Felipe Farias.

No início de junho de 2019, o Ministério Público federal (MPF) deu parecer favorável ao projeto e o caso está de volta à Justiça Federal. O juiz responsável pelo caso é o mesmo que negou a liberação do tratamento em 2018, por isso a apreensão das famílias:

“Estamos enfrentando o desesperos de inúmeras famílias que estão aguardando essa resposta positiva”, disse Felipe.

Segundo Felipe Farias, em maio uma paciente da Associação Reconstruir Cannabis Medicinal morreu aguardando a liberação do tratamento com canadibiol (CBD). Segundo a família, era um caso neurológico indefinido.

O tratamento da associação é feito através de um óleo diluído e extraído da flor da cannabis. O produto é medicado via oral (sublingual), com um conta gotas. Farias informou que existem muitos grupos de Whatsapp onde familiares buscam o tratamento. Além disso, sempre há pessoas buscando informações através das redes sociais da associação natalense.

Anvisa propõe plantio de maconha em locais fechados e com acesso controlado por biometria

Na última terça-feira (18) a Anvisa apresentou uma proposta na tentativa de liberar o cultivo de cannabis no país com foco na pesquisa e produção de medicamentos. Se aprovada, a medida deverá ocorrer em locais fechados e cujo acesso será controlado por portas de segurança, com uso de biometria. A proposta será levada para consulta pública.

Atualmente, o plantio de maconha é proibido no Brasil. Porém, desde 2006, a lei 11.343 prevê a possibilidade de que a União autorize o plantio “para fins medicinais e científicos em local e prazo predeterminados e mediante fiscalização”.

Além disso, desde 2015, a Anvisa autoriza pedidos de importação de óleos e medicamentos à base principalmente de canadibiol, que  é uma substância da maconha com fins terapêuticos.

Até hoje, 6.789 pacientes já obtiveram o aval da agência para importar esses produtos, os quais são condicionais a laudos médicos. As doenças mais frequentemente tratadas são epilepsia, autismo, dor crônica, Parkinson, e cânceres.

Planalto, Conselho Federal de Medicina e Associação Brasileira de Psiquiatria são contra a liberação

O governo Bolsonaro divulgou nota se posicionado contra a Anvisa na proposta de liberação do cultivo de maconha para pesquisa e produção de medicamentos.

Apesar da Anvisa ter autonomia para tomar decisões, o governo pode interferir na agência sugerindo medidas opostas ao Congresso ou indicando novos diretores. Atualmente, uma das cinco vagas de diretoria da Anvisa não está preenchida.

Já o CFM e a ABP emitiram nota em conjunto, criticando a proposta da Anvisa. Segundo os órgãos “ao admitir a possibilidade de liberação de cultivo e de processamento dessa droga no país, a Anvisa assume postura equivocada, ignorando os riscos à saúde pública que decorrem dessa medida”

O motivo seria “a falta de evidências científicas de que o uso da cannabis in natura e deus seus derivados garantam efetividade e segurança para os pacientes”.

Apesar disso, o próprio Conselho Federal de Medicina autoriza, desde 2014, que médicos prescrevam o canadibiol para crianças e adolescentes com epilepsia.

Em nota, a Anvisa disse que “procura atender a demanda de pacientes e médicos para o acesso a medicamentos seguros e eficazes” e também que “não há nada nos textos propostos que sugiram a utilização de planta in natura”

Brasil produz medicamento à base de cannabis

Atualmente, o país tem um medicamento registrado à base de cannabis. O Mevatyl é composto por THC e canadibiol e é indicado para tratamento de espasmos musculares nos casos de esclerose múltipla. Além do uso restrito o preço é alto: aproximdamente R$ 2.600 a embalagem.

As mais quentes do dia

Apoiar Saiba Mais

Pra quem deseja ajudar a fortalecer o debate público

QR Code

Ajude-nos a continuar produzindo jornalismo independente! Apoie com qualquer valor e faça parte dessa iniciativa.

Quero Apoiar

Este site utiliza cookies e solicita seus dados pessoais para melhorar sua experiência de navegação.