Ministério comandado por Rogério Marinho cria “orçamento secreto” e distribui R$ 3 bi para base de apoio de Bolsonaro
O ministério do Desenvolvimento Regional, comandado pelo ex-deputado potiguar Rogério Marinho (sem partido), é o epicentro do mais novo escândalo do governo Bolsonaro.
De acordo com informações publicadas domingo (9) pelo jornal Estado de S.Paulo, a pasta criou um orçamento secreto pelo qual deputados e senadores da base de apoio do governo receberam aproximadamente R$ 3 bilhões em emendas, a maior parte destinada à compra de equipamentos agrícolas por preços até 259% acima dos valores da tabela fixada pelo próprio governo.
O conteúdo da reportagem ganhou ares de escândalo e a hastag #Tratoraço virou um dos assuntos mais comentados do twitter no Brasil durante o final de semana.
O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL), líder da minoria na Câmara dos Deputados, já pediu a abertura de investigação no Tribunal de Contas da União para apurar os indícios de crime de responsabilidade. Na representação, são citados o presidente Jair Bolsonaro, o ministro Rogério Marinho e o presidente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba(CODEVASF), Marcelo Moreira.
De acordo com o jornal paulista, o montante distribuído aos parlamentares foi contabilizado a partir de um conjunto de 101 ofícios enviados por deputados e senadores ao Ministério do Desenvolvimento Regional e órgãos vinculados para indicar como os parlamentares queriam que o dinheiro fosse usado. Essa, inclusive, é uma prerrogativa do ministro.
Rogério Marinho chegou ao ministério depois de coordenar a secretaria especial de Previdência e Trabalho ligada ao Ministério da Economia, comandado por Paulo Guedes, hoje desafeto declarado do potiguar. Atualmente sem partido, Marinho avalia a possibilidade de se candidatar ao Governo do Estado ou ao Senado Federal em 2022 com o apoio do presidente da República Jair Bolsonaro.
Só ganha quem apoia o governo
Outro ponto importante levantado pelo jornal Estado de S.Paulo é que esse tipo de operação, a partir de um orçamento paralelo, dificulta a fiscalização dos recursos públicos tanto pelo Tribunal de Contas da União como pela própria sociedade. Até porque os critérios utilizados nos repasses são políticos e eleitoreiros.
“Só ganha quem apoia o governo”, diz a reportagem.
“É o toma-lá-dá-cá secreto, a mamata no sigilo”, critica senador do PT
Tão logo a reportagem do Estadão foi publicada, a oposição foi à forra nas redes sociais. O senador Humberto Costa (PT-PE) chamou de “toma-lá-dá-cá secreto e mamata do sigilo” o orçamento secreto criado na pasta comandada por Rogério Marinho.
A deputada federal Natália Bonavides foi a única parlamentar do Rio Grande do Norte a comentar o escândalo. Também pelo twitter, a petista lembrou que enquanto falta dinheiro para o auxílio-emergencial sobra para os parlamentares do chamado “Centrão”:
Rogério Marinho chama de "falsas" acusações do jornal Estado de S.Paulo e ataca senador do PT
O ministro Rogério Marinho negou as acusações e classificou de “falsas” as informações do Estado sobre a criação de um orçamento paralelo pelo Governo Bolsonaro
- São falsas as informações do Estadão que acusa o governo de ter criado um orçamento secreto. Basta analisar que parlamentares da oposição (PT, PCdoB e PDT) tiveram indicações contempladas. Inclusive o senador Humberto Costa (PT-PE)", afirmou.
Ele mirou a artilharia contra o senador Humberto Costa (PT-PE), mas em nenhum momento negou que haja recursos sendo distribuídos aos parlamentares da base bolsonarista: